quarta-feira, 9 de junho de 2010

Paixão, Luxúria e Cólera

Nunca um filme retratou tão bem a globalização quanto O Amor Nos Tempos do Cólera, baseado na obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura. Dirigido pelo britânico Mike Newell, tem no elenco o espanhol Javier Bardem (vencedor do Oscar de ator coadjuvante por Onde os Fracos Não Tem Vez), a italiana Giovanna Mezzogiorno, a colombiana Catalina Sandino Moreno (indicada ao Oscar de atriz por Maria Cheia de Graça), a brasileira Fernanda Montenegro (indicada ao Oscar de atriz por Central do Brasil), o colombiano John Leguizamo (sim, o Peste nasceu na Colômbia, apesar de sua carreira nos EUA) e o americano Benjamin Bratt. Nesta salada étnica, temos um filme falado em inglês, que se passa na Colômbia no final do século XIX e conta a história do amor incondicional do funcionário dos correios Florentino Ariza pela bela e rica Fermina Daza.

Florentino (Bardem) tem sua juventude arrasada pelo seu amor por Fermina (Giovanna), que é filha de um homem rico é prometida em casamento ao médico Juvenal Urbino (Bratt), especialista no tratamento do cólera, epidemia que consumia o país naquela época. Eles tentam fugir, mas o pai dela a manda para outra cidade. Após o casamento de Fermina e Urbino, a dor, a ira, a solidão toma conta de Florentino e, mesmo assim, ele continua a nutrir seu amor e manter fidelidade ao seu voto de amor eterno. Transito (Fernanda), a mãe do jovem, não sabe o que fazer com o homem que só chora, lamenta e escreve cartas. A mãe consegue um novo emprego ao filho, num vilarejo distante. Ele não namora, nem se deixa enamorar por outra mulher, até descobrir o sexo. Entretanto, para Florentino o ato sexual é apenas para desopilar do amor que atormenta seu coração, tanto que ele anota num caderno desde a primeira, as mulheres que teve em seus braços apenas para a satisfação carnal.

Os anos passam, mas o amor de Florentino por Fermina permanece, mesmo com ela casada e mãe. Ele não se casa, não se envolve amorosamente com outra mulher. Ele espera pacientemente se passarem cinco décadas, até que a morte leva Urbino e abre caminho novamente, para ele reconquistar o coração de sua amada. O filme tem cenas belas, excelente reconstituição da época por cenários e figurinos. Mas, as atuações, em alguns casos, exageradas e caricatas, o roteiro e direção confusos com sotaques hispânicos para um inglês estranho deixam o filme com a sensação que poderia ter sido melhor. Javier e Fernanda entregam os costumeiros trabalhos competentes. Ainda assim, com alguns problemas - fica melhor para quem não leu o livro - o filme emociona e nas canções de Shakira (em espanhol e a única exigência do autor para a adaptação) a história do amor incontestável de Florentino torna-se uma "vergolha alheia" tolerável e encantadora.



2 comentários:

  1. O cara ficou 5 decadas esperando a muier? Jejus, isso sim é amor. E põe amor nisso.

    Magnificio texto! excelente! Já que pelo visto vamos ter um post por dia sobre o amor, pelo menos durante essa semana que antecede o dia dos namorados, estou ansioso para saber qual vai ser o filme de amanhã!

    Parabens fernando, show de bola!

    ResponderExcluir
  2. Excelente texto, exaltando o amor eterno ao ápice. Um filme que retrata aquele amor que transcende as barreiras espaço-temporais e perdura, mesmo estando os envolvidos em situações distantes e diversas.

    Assim como o verdadeiro amor, uma vez que é chama que nunca se apaga.

    Excelente narrativa do Autor. Trabalho primoroso.

    ResponderExcluir