sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

A Rede Social


Mark Zuckeberg, um garoto de 19 anos, viciado em informática, estudante de Harvard, sonha em entrar para os grupos finais da universidade e ser popular. Um pequeno problema o afasta de seus objetivos, além de ser um nerd, Mark não consegue ter o menor tipo de contato social sem estar visivelmente desajustado, incomodado e amedrontado. A abertura do filme, A Rede Social, de David Fincher, mostra toda essa dificuldade do jovem em conversar cara a cara com alguém e não ter nenhum tato para contato mais próximo, até mesmo de quem ele diz gostar. Esse é o ponto de partida para mostrar a trajetória do mais jovem bilionário do mundo!


Mark (Jesse Eisenberg, fenomenal) tem poucos amigos, na realidade, apenas um, Eduardo Saverin (Andrew Garfield, espetacular), um brasileiro também estudante de Harvard, com dom para cálculos e projeções. Após uma briga com Erica, Mark resolve montar um site onde podem escolher qual a mais bela garota da universidade. A partir desta brincadeira, ele é convidado pelos gêmeos-remadores Tyler e Cameron Winklevoss e o indiano Divya Narendra para organizar um site para os alunos da instituição. Enquanto, Zuckerberg começa a montar o Facebook, com apoio financeiro do amigo Saverin. Fincher costura esses fatos que transcorrem entre o final de 2003 e início de 2004, com dois processos: dos gêmeos e o indiano contra Mark por plagiar a ideia do site no qual, Saverin está à favor do fundador do Facebook e, outro onde o brasileiro cobra do amigo parte dos lucros da empresa. Afinal, após conhecer o ídolo-nerd Sean Parker (Justin Timberlake, muito à vontade), criador do Napster, Mark se deslumbra com as possibilidades visionárias do alcance do site.


Aí entra em cena os pontos altos do filme. A atuação e relação entre Mark, Saverin e Parker ditam o ritmo como a juventude atual: antenada na tecnologia, rápida e totalmente desplugada da sociabilidade real. Tudo é virtual: seja por telefone, celular, internet. A montagem é um trabalho de mestre, recortando os fatos dos dois processos. O roteiro adaptado do livro Biolionários por Acidente: A Criação do Facebook, não limita a história e entrega a todos os personagens cenas e diálogos marcantes. Como a advogada dizendo ao dono do Facebook: "Mark você não é um idiota. Mas faz de tudo para ser" ou quando temos o último elo de Zuckerberg com o mundo real quebrado durante a reunião dos advogados dele e de Eduardo, e o brasileiro diz: "Eu era seu único amigo". A fotografia é um pouco abaixo do comum para um filme de David Fincher, entretanto a cena da competição de remo é de uma beleza plástica exuberante e plácida, para depois explodir no momento de ira dos irmãos Winklevoss. E a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross emula sons clássicos com as batidas rápidas do pop atual para criar o ritmo da atmosfera que esses personagens transitavam e motivavam.


Jesse Eisenberg faz um trabalho digno de nota ao dar vida a um ícone de dois mundos: o real e o virtual. Com toda sua inicial inocência e babaquice juvenil para crescer num empresário arrogante, prepotente e sem nenhuma conexão com o mundo real. Andrew Garfield encarna um brasileiro, morando em terras estrangeiras, buscando um lugar ao sol e ainda pensa em ter a atenção do pai, sendo natural e encantador. Justin Timberlake interpreta quase a si mesmo, um rei do pop, um astro da atualidade, que mesmo em momentos de baixa mantém o prestígio entre os fãs e faz as melhores festas.


A Rede Social é um retrato da sociedade do século XXI. A velocidade das relações, a importância da tecnologia na vida das pessoas. Mark apenas queria atenção dos clubes finais de Harvard, mas teve que levar pra rede a disputa, visto que não sabia se comportar num encontro comum. Um filme que não é somente o ano de 2010, como o melhor do ano, conforme a crítica tem elogiado e premiado, mas uma obra-prima que define o início do século e as profundas mudanças que a virtualização tem deixado na sociedade. E sem medo, afirmo que o filme de David Fincher é o novo Cidadão Kane, o Kane dos anos 2000.




quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pede Pra Ficar


Há três anos, José Padilha famoso diretor nacional de documentários resolveu adaptar Tropa de Elite para os cinemas. Adotando o mesmo estilo câmera-na-mão-ideia-na-cabeça e tomadas de tirar o fôlego sustentada por um roteiro forte e coeso, Tropa de Elite 2 supera em tudo o original e se firma como o filme nacional mais visto na história. A trama complexa culmina num clímax altamente reconhecível e nos faz entender - em partes - como o Rio de Janeiro chegou ao ponto que acompanhamos semanas atrás com as invasões nos morros.


O BOPE que conhecíamos no primeiro filme se transformou numa máquina de guerra. Entretanto, o herói Capitão Nascimento (Wagner Moura, soberbo) está amarrado pela política local e é nomeado sub-secretário de Segurança. Seu parceiro, Mathias (André Ramiro, fabuloso) é um caveira que vai preso e acaba trabalhando em outro setor após declarações à imprensa, onde encontra uma nova realidade e novos rivais: outros policiais. O filme lançado em outubro, no decorrer da campanha eleitoral, mostrou sem nenhum pudor, a relação tráfico, polícia, milícia e políticos. Uma estrutura que se auto-sustenta na dependência da outra. Como diz o sub-título do filme: O inimigo agora é outro. O sistema vai contra Nascimento, que também enfrenta problemas de relação com o filho adolescente e o novo marido de sua mulher, um almofadinha metido a socialista que se elege deputado. Escutas, traição, mortes, rebeliões.


Nesse jogo de interesses e corrupção, Nascimento percebe que seu trabalho apesar de reduzir a influência do tráfico de drogas em localidades do Rio, a criminalidade não diminui, pois quando um vilão sai, outro entra no lugar para tomar conta das favelas. A formação das milícias sob organização de policiais corruptos e com apoio de políticos é destacada nua e crua. Até o poder da imprensa sobre declarações, escândalos e mortes de jornalistas por queima-de-arquivo. Padilha constrói a cada quadro, um retrato do Rio de Janeiro, que poderia ser de qualquer outra cidade do mundo. Em Tropa de Elite 2 não vale apenas frases de efeito, palavrões e tiros, o que importa é a visão de um cineasta sobre uma realidade que nasce a cada dia diante de nossos olhos e parece que estamos inertes quanto aos seus desdobramentos.


Enfim, Tropa de Elite 2 é o maior e melhor filme nacional desde a Retomada e, possivelmente, o melhor de todos os tempos. Um recorte da realidade atual nas favelas do Rio, da influência de tudo que acontece no país, principalmente, dos calabouços do poder, onde o dinheiro move decisões políticas, policiais e do crime. André Ramiro e Wagner Moura são os protagonistas desse espetáculo, mas os coadjuvantes têm poder em suas cenas e transformam esse filme numa obra-prima tupiniquim. Do Rio à Brasília, do morro ao Congresso, uma demonstração de como a vida é regida pelo poder, pela influência do sistema. Não tem como não se indignar, empolgar e apreciar Tropa 2, é aquele filme que ao final da projeção te derruba, te deixa atônito e mesmo assim você quer ficar e assistir novamente.




segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Passos que seguem...

Às vezes, nos pegamos pensando na vida, naquilo que aconteceu ou que deixou de acontecer. Sorrisos, lágrimas, vitórias, derrotas. É estranho como imaginamos, planejamos, sonhamos com um mundo que simplesmente se dissolve pelas mãos como fumaça de uma fogueira intermitente, de labaredas tremendas que voltam das cinzas para reacender uma nova esperança. Mas, ainda assim, tudo se esvai. Parece mensagem de fim de ano. Os mais conservadores dirão que ainda está longe. Os mais atentos perceberão que já estamos na metade final de novembro, daí para frente são apenas provas finais, preparativos para as festas, natal, ano novo, viagem de férias... e quando vemos, o ano se findou.

Parece filosofia de botequim esse papo. Nada melhor que uma boa conversa com amigos na mesa de um bar para descansar a cabeça e soltar longas gargalhadas. Se rir é o melhor remédio, sempre tenha ao lado alguém que te faz sorrir. Nessa ditadura da beleza, nós, pessoas comuns, se apegamos ao nosso melhor, que seja o bom humor, o companheirismo, a amizade, a solidariedade, o trabalho, o respeito, a atenção, o carinho. Afinal, o belo é passageiro e as virtudes são eternas. Não se deixe levar pelo impulso, o imediatismo nos faz tomar atitudes impensadas que podem trazer armadilhas, consequências que poderemos carregar por longo tempo, como um fardo invisível - ou não - sempre presente.

Então, tudo muda! Novos caminhos e oportunidades surgem. Sim, a vida sempre nos dá uma segunda, terceira, quarta chance. Nós que temos que estar atentos aos sinais, que nem sempre são tão claros. A seguir, podemos tornar a cair, mas não podemos desistir. Entretanto, muitas oportunidades podem surgir de uma só vez e é necessário muita sabedoria no momento da escolha, mas se a emoção falar mais alto, deixe se guiar pelo som do coração, mesmo que ele nos engane.

É difícil assimilar tantas coisas, tantas mudanças. Conhecemos pessoas diariamente. Umas vêm, outras vão, algumas chegam pra ficar! Como sabemos quem vai ficar? Nos deixar uma marca pro resto da vida? Talvez num papo malandro numa mesa de bar, numa risada frouxa, ou um sorriso tímido saindo discreto no canto dos lábios. Quem sabe, naquele olhar de espreita, sorrateiro e fulminante, que pede para aquele momento nunca acabar! A vida é assim, cheias de idas e vindas. Basta estarmos prontos para as surpresas da próxima estação...






segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Corujas Guerreiras




A adaptação de A Lenda dos Guardiões para o cinema em forma de desenho, levava a crer que seria uma aventura infanto-juvenil sobre amizade, lealdade e a busca de um sonho com corujas. Entretanto, com Zack Snyder na direção temos na tela uma versão com penas de 300 (aquele filme violento do diretor com Gerald Butler e Rodrigo Santoro sobre gregos e persas), mas aqui além de um pouco de sangue vemos penas voando para todos os lados. E esse é o charme do filme. Suas lutas coreografadas em câmera lenta são belíssimas e ficam deslumbrantes no 3D, que é o ponto alto do filme. A fotografia varia de um pôr-do-sol em tons de rosa e caramelo até uma negra tempestade entrecortada por raios e gotas d'água que respigam sobre heróis e vilões.

A história é simples e clichê: Soren e uma jovem coruja que se deleita com a lenda do guardiões de Ga'Hoole, nobres corujas guerreiras que venceram uma hora de aves malignas no passado e hoje habitam a Grande Árvore numa ilha perdida no tempo. Soren e o irmão mais velho Kludd, que não é alheio às lendas, caem do ninho e como não sabem voar direito, viram alvo fácil para predadores até que são retirados da mata por corujas adultas. Mas, não são seus pais, são os Puros, uma raça que pretende dominar o mundo das corujas e derrotar os Guardiões. Os irmãos que são de uma origem mais nobre são indicados pela rainha Nyra para fazer parte do exército que estão formando, mas Soren se rebela e acaba mandado para as minas, onde as corujas mais fracas são hipnotizadas e trabalham retirando uma pedra azul dos restos de ratos. Soren tem ajuda e consegue fugir com outra corujinha. Enquanto, o irmão covarde Kludd entrega a própria irmã Eglatine para os Puros. Soren encontra amigos que ajudam a encontrar o caminho para a Grande Árvore e avisar os Guardiões do perigo iminente. A partir daí, mocinhos e bandidos se enfrentam, em sequências que lembram muito as lutas de 300, com direito a traições, brigas em família e um final feliz, apesar da carnificina.

Um filme visualmente belíssimo, com uma trilha sonora envolvente (a canção "To the Sky", do Owl City é uma balada divertida e que pode aparecer entre as indicadas ao Oscar) e um 3D muito bem realizado, que dá mais ação ao filme, que deveria ser somente uma história infantil. A direção de Snyder pode incomodar alguns e talvez não seja o mais indicado para uma animação, mas dentro do que ele se propôs e aproveitando a lenda coberta de mística e aventura, ele faz um verdadeiro filme de guerra entre corujas para agradar, principalmente, os adultos - visto que algumas crianças menores podem se assustar com tanta violência ou não, visto que os jogos de video game em sua maioria são todos violentos. Um bom filme, diversão ligeira e muito bonita.




terça-feira, 5 de outubro de 2010

Aulas de magia

Como dica de um amigo, que, também não havia visto o filme (né, Richar), com toda calma fui conferir O Aprendiz de Feiticeiro, nova obra que segue a fórmula do bruxo famoso que não tem noção do seu poder (Harry Potter???), ao mostrar um jovem comum que se descobre um importante feiticeiro, pivô nma guerra de poderes que pode definir a história da humanidade. As características semelhantes param por aí: nada de escola de magia e quadribol, acrescente uma dose de humor exagerado e sequências de ação como uma perseguição de carros dão à película uma cara de 007 fabulístico e musical.

Nicolas Cage, aquele cara gente boa com a carreira ladeira abaixo, faz um mago do bem, Balthazar Blake (com um cabelo horrível e sua imagem em um dos cartazes lembra mais o Johnny Depp em Piratas do Caribe), que por séculos estava à procura do primeiro merliano, um jovem descendente de Merlin que, segundo uma profecia, seria o único com poder suficiente para matar a malvada bruxa Morgana, aprisionada em um receptáculo mágico e, que se liberada, acabará com o mundo. O jovem Jay Baruchel faz Dave Stutler, o tal garoto da profecia, um nerd estudante de física, com problemas de sociabilidade e, claro, apaixonado por uma garota linda, loira e descolada desde a infância.

Um filme que mistura magia, física e música com cenas de ação divertidas, diálogos terríveis, atuações canhestras de Monica Bellucci (Veronica, o affair mágico de Cage) e Alfred Molina (Maxim Horvath, o mago poderoso que gostava de Veronica), o filme ainda assim diverte e em alguns momentos chega a empolgar e em outros dar vergonha. Nessa montanha-russa, com altos e baixos o filme chega ao final, com um saldo positivo, pois não é uma bomba total e Cage aqui, não faz tão feio quanto em outras "obras" que ele tem feito por aí e tem um pouco daquele carisma do velho astro que um dia ele foi. Sim, a tal sequência em homenagem ao clássico da Disney, Fantasia, é muito bonita (e molhada) e dá um upgrade no conceito do filme.


quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Um Festival Inesquecível

A quinta edição do FEFOSOL - Festival de Folclore de Quinta do Sol, superou expectativas e mostrou ao público uma miscelânea cultural com músicas e ritmos do Brasil e do mundo. Apesar de [ainda] não ser um festival internacional, grupos étnicos da região vieram representar seus ancestrais. E outros grupos mostraram a riqueza do folclore nacional.

Os bois estiveram presentes na primeira noite com o boi-bumbá de duas cidades paranaenses Maringá e Campo Mourão [as duas do Paraná], que trouxeram toda exuberância da dança do norte do país, com muitas plumas e ritmo indígena. Enquanto, o Grupo Parafolclórico Pôr do Sol, os donos da casa, apresentaram o boi paranaense [sim, o Paraná tem boi!] com o espetáculo do Boi-de-mamão, com teatro e danças com arcos de flores e pau-de-fitas.
O Grüne Stadt Group de Maringá trouxe um pouco da cultura alemã, que não é apenas a cerveja. Mas, danças com brincadeiras, como a música do galo, que por si só já era uma grande comédia infantil. E a cultura da terra do sol nascente esteve presente com o Wakadaiko, grupo de taiko da ACEMA. As batidas enérgicas nos tambores japoneses empolgaram o público e depois canções mais calmas e outras mais agitadas fizeram o público se encantar.

Então, o Grupo Pôr do Sol na primeira noite deu um show com fandango paranaense e danças brasileiras! Uma coletânea de todo o trabalho desenvolvido pelos quintassolenses de pesquisar, vasculhar, descobrir, conhecer essa cultura popular que fez crescer esse país. E depois ensaiar, ensaiar e ensaiar mais um pouco. E na segunda noite, pela primeira vez, em casa, apresentou o Boi-de-mamão. Um espetáculo sem igual, mostrando ao povo de Quinta do Sol que temos um dos grupos parafolclóricos mais importantes do estado e que a cada dia se supera e luta para levar o nome da cidade para o Brasil.

O grande destaque foi para um pessoal que veio de longe, de Belém (PA). Eles haviam feito uma apresentação em Olímpia (SP), passaram uns dias no Festival Internacional de Nova Petrópolis (aquele mesmo que o Pôr do Sol foi no Rio Grande do Sul) e vieram abrilhantar o FEFOSOL: Grupo Parafolclórico Frutos do Pará. Toda riqueza cultural do norte do país, da região amazônica foi encenada no palco, com danças alegres e sensuais. O lundu, a famosa "dança do amor", deixou o público em polvorosa. Mas, o que mais encantou nesses paraenses foi sua alegria, simpatia e carinho com o público e amigos que aqui fizeram.

Afinal, só esse povo pra suportar frio e eu até às 3 e pouco da madrugada, tomando vinho, falando do folclore, das viagens, da vida e aguentando vizinho reclamando do tom da conversa porque queria dormir. Hehehehehehehe. Enfim, foram dois dias que deixaram saudades. Mais um grupo, uma nova família que deixou sua marca em Quinta do Sol. Na despedida, entre choros e lágrimas, a certeza e o desejo de tê-los novamente no palco do FEFOSOL em 2011. As lembranças que aqui deixaram e levaram, são apenas símbolos desse forte laço de amizade entre Belém e Quinta do Sol, entre Frutos do Pará e Pôr do Sol. Agora é esperar 2011 e fazer algo maior, melhor e com esses amigos outra vez e outros que ainda não estiveram aqui, mas serão bem recebidos, de braços abertos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Família Pôr do Sol

O Grupo Parafolclórico Pôr do Sol mais uma vez brilhou no Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis (RS). Esses quintassolenses mostraram os encantos da cultura paranaense e acrescentaram um pouco da cara do Brasil. Viajar com esse pessoal é como reunir uma grande família, bem diversificada: jovens, idosos, brancos, negros, cristãos, ateus e os à toa! Há os momentos de alegria, de choro, de raiva, de correria, mas ao final, quando você vê o trabalho refletido nos aplausos ao final de cada apresentação é gratificante.

Pela segunda vez, os acompanho nessa saga pelo extremo sul do Brasil. A Serra Gaúcha é um lugar lindo, mágico e frio! A organização do evento se mostrou ainda mais competente que ano passado e montou uma estrutura à altura dos grupos do Brasil e do mundo que subiram ao palco. Entre o pessoal que estava por trás do festival, alguém muito especial: Beatriz Bervean, ou apenas, Bia, nossa guia. Ela nos aguentou praticamente 24 horas por dia, desde o café até a hora de dormir. Uma moça linda, simpática e sempre pronta a nos ajudar. Obrigado pela dedicação e apoio. Além de outras pessoas que estiveram conosco, como a Cândida, a apresentadora, que na despedida, não se conteve e vimos lágrimas sinceras, que demonstraram o carinho que esse povo acolhedor de Nova Petrópolis tem pelo Grupo Pôr do Sol.

Entre o público que deixou saudade há um amigo desde 2009, Jonathan, um alemão carismático que também virou guia na procura por um jantar na primeira noite em terras gaúchas. E nos acompanhou durante as apresentações. Além de um casal, Antonio e Eliane, que vinham de outra cidade para nos ver e estreitar nossos laços de amizade. O folclore, a dança, a música tem esse dom de aproximar as pessoas e resgatar suas raízes e seus sentimentos mais primitivos, como a amizade, o companheirismo, a admiração.

Dos grupos participantes, um grupo paulista estreitou os laços conosco. Pessoal do Frutos da Terra, da cidade de Olímpia. Galera nova, grupo dando grandes passos desde cedo, assim como nós. Identificação de ideias e sonhos. Pessoal humilde, comunicativo e, acima de tudo, grandes artistas e amigos. Até o guia deles nos importunava! Hehehehehehe. Não tem como citar um a um, mas que todos sintam-se parabenizados pelo trabalho e abraçados por mais esse ciclo de amizade que se criou!

E a família Pôr do Sol? Essa foi minha segunda viagem longa com o grupo, já havia acompanhado outras apresentações em locais próximos e com isso meu contato e carinho com essas pessoas já é marcante. Desde os mais velhos, nossos músicos, senhores da comunidade, com família constituída - avôs - que emprestam sua experiência e talento pelo grupo. Como não se lembrar desses homens, já cansados da labuta da vida, reclamando do frio exagerado que fizera na serra gaúcha quando estivemos por lá.

Ainda na banda, alguns músicos e cantores jovens, sangue novo, empolgação, vibração. Entre notas e acordes, uma emoção atrás da outra, até cantando ao vivo numa rádio de Nova Petrópolis. Afinal, quem não ficou com um nó na garganta quando na última apresentação, os últimos versos saíram trôpegos, soluçantes, baixos, como a voz do coração. E esse povo que ficava no fundo, veio até à frente e abraçados aos dançarinos, disseram adeus ao Rio Grande do Sul, voando nas asas de um rouxinol que partiu para pousar em Quinta do Sol.

Bater tamanco, pular no maneiro pau, trançar as fitas, rolar o carimbó, colher o café, fazer o fubá e ainda fugir do boi-de-mamão. Vida de dançarino é agitada. Entre passos, marcações, maquiagem, troca de figurinos, a dança é a poesia da alma, transformando em gestos o que a melodia quer dizer. E o corpo de dança do Grupo Parafolclórico Pôr do Sol deu um show no palco da rua coberta. Foram nove apresentações, uma de improviso porque o grupo argentino que abriria o evento não havia chegado, onde apanharam um pouco de cada espetáculo que fariam no decorrer de sua participação. Depois desse teste de fogo, abrir o festival sem ensaio, escolhendo o repertório nos camarins prestes a subir no palco, cada dia foi um show diferente. Desde o tradicional fandango paranaense, danças que representam o cotidiano do estado e o teatro do boi-de-mamão [sim, o Paraná tem boi!] até uma viagem pelo Brasil com ritmos e cultura de outros estados, como o Pará, Ceará e Mato Grosso.

Os motoristas também se tornaram membros dessa família. Amarildo já conhecido de outras viagens e seu novo companheiro de trabalho, o Vivaldo. Eles que nos levaram até o sul e depois nos transportava da pousada à rua coberta onde aconteciam as apresentações. E também, uma outra pessoa que foi com o grupo, a enfermeira Dercília, que ajudou muito, afinal, quem não teve um estrepe no pé? Hehehehe.

E os responsáveis principais por essa família? Lucinei e Ivone! Que além de cuidar dos filhos Nicolle e Nicollas, também cuidava de cada um, desde o mais jovem ao mais velho do grupo, como se fosse um filho. Uma devoção, atenção de quem ama, cuida e quer sempre o melhor para todos. Acordando pessoal, verificando se não faltou nada, fazendo remendos, consertos, puxões de orelha. Tudo pelo bem de todos e para, no palco, fazer o melhor possível. O Lucinei foi um guerreiro, que novamente passou o aniversário com essa família. Mesmo com todos problemas, enfrentou o frio, a viagem, o trabalho, as dores, os curativos e esteve lá, firme, forte, presente. Às vezes, esquecendo de cuidar de si mesmo, para se doar de corpo e alma por esse grupo. Acho que isso, ele aprendeu com dona Luiza, que mesmo longe, tinha seu trabalho exposto aos olhos de todos, com suas cores, rendas, bordados, em todos os figurinos e adereços.

Então, entedemos, de onde vem toda a força do Pôr do Sol: da paixão que cada um, em maior ou menor intensidade, dedica ao grupo. Do valor de levar a cultura de um povo [e de vários povos], representar uma pequena cidade do interior. Enfrentar desafios, ultrapassar obstáculos. E mesmo quando a queda machuca, tem forças para se levantar e mostrar que é paranaense, pé vermelho, filhos deste chão. Uma família como outra qualquer. E, se o folclore é seu sangue, Pôr do Sol é seu sobrenome. E agradeço por me sentir cada vez mais parte desta família.
 
Parabéns a todos! O espetáculo foi perfeito. E o convite para 2011, garantido. O reconhecimento de todo trabalho e superação!









sexta-feira, 23 de julho de 2010

Parceria

A internet é um lugar estranho, perigoso, mas que nos faz encontrar grandes amizades. Destas amizades, podem surgir parcerias para algo novo, um desafio. É assim, com esse pensamento que quebrar barreiras, conhecer pessoas, discutir, escrever, argumentar, expor ideias, que com muita honra, anuncio que a partir de agora faço parte da equipe do blog Pipoca Net. O convite realizado pelo grande amigo e irmão Matheus, veio num momento de mudanças e que se encaixa, como uma peça do intrincado quebra-cabeça da vida.

Por isso hoje, venho aqui, com muita felicidade dizer que faço parte desta família. Além do gaúcho de Pelotas [sem piada] Matt, conta com o pseudo-paranaense meu irmãozão Richar [também é gaúcho, mas antes de virar paranaense estava no Mato Grosso do Sul] e da paulista titia Ana [a mulher que coloca ordem na casa, aliás ela é paulista mesmo? hehehehe].

Ainda estou madurecendo ideias, possibilidades, colunas, trabalhos para essa nova empreitada. Como disse ao Matt, vou pensar! Afinal, dia 30 começa minhas férias, vou viajar ao Rio Grande do Sul [se Deus quiser] e volto com todo gás para trabalhar. Será interessante essa troca de experiências, pois lá é um lugar que já tá há um ano no ar, com seu modelo, sua característica, seu público. E agradeço a vocês que me acompanham por aqui e espero vê-los por lá também. Mas, não fiquem tristes, isso não é um adeus deste lugar que já faz parte da minha vida há tanto tempo. É momento de mudanças e espero reformular este espaço, dar novos ares. Obrigado pelo carinho, atenção e paciência de todos! E nos vemos em breve no Pipoca Net e aqui.



sábado, 17 de julho de 2010

Shrek: o capítulo final?

Mais uma saga de animação chega ao fim, ou não, pois ao final da sessão de Shrek Para Sempre, o quarto filme da série do ogro verde percebemos que os produtores são capazes de qualquer coisa para embolsar uma grana a mais. Após um início surpreendente em 2001, ao bater a Disney/Pixar no primeiro Oscar de animação e a maior bilheteria de uma animação na história com quase 920 milhões de dólares arrecadados ao redor do mundo com Shrek 2, a franquia caiu de qualidade apesar de manter um alto desempenho financeiro no terceiro, essa quarta parte vem rendendo bem nos EUA mesmo sendo sem graça demais para quem fez sucesso com um humor ácido e inteligente.

Após enfrentar dragões, aldeões, sogros e filhos, Shrek agora enfrenta a consciência: com família, deixou de ser o ogro que fazia todos tremerem, agora não passa de um ponto turístico em seu pântano. Não é visto como um ogro de verdade, começa a se sentir deprimido, essa angústia explode no aniversário de 1 ano dos filhos trigêmeos e pronto! Temos o fio condutor da narração ao ele deparar com um duende Rumpelstiltskin e assina um contrato mágico para ter por um dia sua vida de ogro de volta. Em troca, ele dá um dia de sua infância. Mas, o traiçoeiro duende pega para si o dia do nascimento de Shrek. Quando isso ocorre, o seu dia de ogro se torna um inferno. Ninguém o conhece, o Rumpelstiltskin é o novo rei de Tão Tão Distante, Fiona é a líder de uma tropa de ogros revolucionários, Gato de Botas é um bichano balofo e o Burro é um capacho ambulante - e muito falante, como sempre.

Com essa tentativa de reescrever a história e dar um novo fôlego para o final da série, Shrek Para Sempre escorrega, deixando o sabor de boas intenções, mas nenhuma consegue atingir seu objetivo. As piadas parecem velhas, repetitivas e sem criatividade. Os olhos fofos do Gato de Botas não exercem o mesmo fascínio, a burrice do Burro incomoda e o Shrek não é nem assustador nem cômico. E Rumpelstiltskin é uma versão miniatura, chata e sem o humor ácido da Rainha de Copas (de Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton). Enfim, uma despedida sem graça, que poderia ter sido melhor e à altura dos contos que fizeram de Shrek um ícone da animação no início dos anos 2000. Mas, será que realmente foi o fim? Afinal, os produtores adoram reinventar seus personagens em busca de uma grana. O filme-solo de Gato de Botas pode chegar às telas em breve e levar novamente o público até Tão Tão Distante.



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Terra do Nunca

Peter Pan não crescia em seu mundo encantado, mas nós, pobres mortais crescemos, envelhecemos. Deixamos para trás as brincadeiras de criança, as coisas de criança e, claro, os brinquedos. Afinal, não vemos nenhum adolescente, jovem, adulto ou idoso jogado no chão com seu carrinho, ou mulheres e moças atarefadas com as roupas de suas bonecas. Nossos carros são de verdade, as bonecas são os filhos, as responsabilidades aumentam e a velha infância é apenas um pedaço do passado, lembranças guardadas no baú da memória, assim como aquele brinquedo predileto empoeirado dentro de uma velha caixa guardada entre outras peças do museu de nossas vidas.


Afinal, o que fazer com os brinquedos quando as crianças se tornam homens e mulheres buscando um lugar ao sol, enfiados com o nariz sobre os livros por causa da faculdade ou até mesmo cansados após uma dura jornada de trabalho? Jogar no lixo aqueles sem conserto, doar os menos danificados e os mais inteiros dar de presente a alguma outra criança da família ou guardar para os netos. Enfim, as possibilidades são muitas. Mas, e os brinquedos, nossos companheiros inseparáveis de um período divertido e agitado, o que eles pensam sobre essa separação?


Woody, Buzz Lightyear e companhia enfrentam esse dilema no capítulo final da saga da Pixar. Toy Story 3 termina com grande estilo a série que abriu as portas para o estúdio se consolidar como o dono das animações. Os brinquedos do agora calouro de universidade, Andy, se aventuram por creches, sacos de lixo, aterros sanitários e o fim iminente de suas vidas.


A premissa é simples: Andy vai para universidade, coloca os brinquedos num saco para guardá-los no sótão, enquanto levaria Woody com ele para a universidade, já que foi sempre seu fiel companheiro. Entretanto, ocorre um acidente e os brinquedos são jogados no lixo, Woody tenta salvá-los mas discutem e acabam parando numa creche. O local é um território onde todos poderiam ser amados novamente pelas crianças de lá, porém um Lotso, um urso perverso domina o lugar e os brinquedos de Andy são torturados. Na hierarquia da creche, os novatos são jogados para a sala dos mais novos, que quase matam os brinquedos de tanto jogar, puxar, bater. Então, a Pixar joga num filme infantil toda a questão de identidade, união, rebeldia, ditadura, com diálogos afiados e um roteiro inteligente. Destaque para a participação especial de Barbie e Ken.


Algumas pessoas reclamam que após tanta tensão, o final do vilão não é como esperado, só que não dá para cobrar mais violência ou força já que Toy Story 3 é um filme feito para as crianças, mesmo aquelas que cresceram junto com a série e hoje, são como o Andy, adultos, universitários, que deixaram seus brinquedos de lado, mas ainda guardam dentro si aquela meninice sapeca de outrora. Um filme perfeito, mais um no currículo da Pixar que, até hoje, não errou e sempre nos entregou grandes obras da animação.


Noia

Noia! O crack se alastra como fogo num palheiro, toma conta da sociedade, invade ruas, casas, famílias. Os pontos de venda são disputados, a droga é o fim do caminho de quem começou com um simples "baseado". É sobre essa epidemia de crack que o documentário Noia, de Lucas Ferraciolli e Ronaldo Domingues. O trabalho foi realizado para conclusão da graduação em Comunicação Social/Jornalismo da Faculdade Maringá. A situação apresentada é um retrato das ruas, do submundo de Maringá, mas poderia muito bem ser de qualquer outra cidade do país.

Em seis partes, podem ver o documentário Nóia.

Sinopse oficial: "Noia: A vontade de não ser visto combina com a vontade de não querer ver" - um documentário de Lucas Ferracioli e Ronaldo Domingues como trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Faculdade Maringá - PR sob orientação do professor Ms. Emerson Dias.


Parte 1


Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6



quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil x Coreia do Norte

Nem só de filme viverá o homem, principalmente, se for brasileiro e estar no meio de uma Copa do Mundo. Então, lá vai meu pequeno comentário sobre a estreia da seleção de Dunga no torneio na África do Sul:

Excelente jogo.... da Coreia do Norte, se seguraram como puderam na defesa e saiam em rápidos contra-ataques, apesar de não ter eficiência na finalização. O Brasil mostrou o que fez nos treinos secretos: tocaram a bola de lado, não avançavam com determinação e Kaká, o queridinho da Globo, mostrou um futebol apático e cheio de erros. Gilberto Silva, Felipe Mello, Elano (apesar do gol), e demais, sem comentários. Maycon e Robinho foram os únicos que tentaram mostrar algo a mais além do arroz-com-feijão apresentado pelo time de Dunga. As entradas de Daniel Alves e Nilmar deram novo gás, mas daí foi a defesa que ficou assistindo os norte-coreanos marcar um gol. Resultado ruim, se levarmos em consideração a diferença técnica entre as equipes e, pior ainda, pensando se a classificação depender do saldo de gols.


Que as coisas mudem contra Costa do Marfim e Portugal, ou talvez, poderemos pagar o mico de voltar pra casa ainda na primeira fase, coisa que não ocorre desde 1966, na Inglaterra.
 
 

sábado, 12 de junho de 2010

Simplesmente Amor

O amor está em todo lugar! A partir dessa premissa temos Simplesmente Amor, uma comédia romântica inglesa que entrelaça sete histórias: o menino órfão que se apaixona pela garota mais legal da escola que vai voltar aos EUA, o escritor depressivo que se envolve com a empregada portuguesa, a solteirona que vive para cuidar do irmão doente e tem vergonha de dizer a um colega de trabalho brasileiro que o ama desde o dia que ela começou a trabalhar na empresa, a mãe que descobre a traição do marido com sua secretária, o rapaz que gosta da mulher do melhor amigo, o roqueiro sessentão que descobre que o maior companheiro que teve em sua vida sempre foi seu empresário e o novo primeiro-ministro que no primeiro dia de governo se encanta pela nova funcionária. Além de outras relações de amor, não apenas entre casais, mas o amor como sentimento de maior grandez, o amor ao próximo!

"Pior que a agonia de estar apaixonado?", quando Sam diz essa frase ao seu padrasto Daniel, percebemos a inocência e pureza do coração juvenil e toda beleza e desafios do primeiro amor, ele precisa fazer de tudo para conquistá-la antes dela ir embora, nem que pra isso seja necessário aprender a tocar bateria e aparecer no show das escolas de fim de ano. A cena com Joanna cantando "All I want for christmas" e ele na bateria emociona e sensibiliza a cada olhar do garoto. Jamie e Aurélia rompem as barreiras da língua e tem um romance recheado de diálogos surreais, ele em inglês e ela em português lusitano, é impossível não rir com as situações caóticas que ambos passam, como os dois pulando no rio para salvar os papéis do livro que estava escrevendo e o vento levou.

Sarah é uma mulher indenpendente, mas que não consegue dizer "eu te amo" a seu colega de trabalho, Karl (Rodrigo Santoro, num nome nada brasileiro), além de viver sempre a postos para atender as ligações do irmão que tem problemas mentais e mora num casa de repouso. A cena da primeira transa frustrada pelos telefonemas é excelente, não tem como não broxar numa situação daquela! Emma Thompson e Alan Rickman fazem o casal das aparências, ela sempre envolvida com as questões domésticas e familiares (é irmã do viúvo Daniel e do primeiro-ministro), ela cura sua alma com as músicas de Joni Mitchell e se desespera ao descobrir que o marido a trai com a secretária nova e gostosa. O diálogo do casal ao final da peça na escola sobre amor e traição é incrivel, melancólico e mostra que o amor um dia pode acabar.

Quando vemos Mark filmando o casamento de Peter e Juliet realmente dá a impressão que ele gosta do amigo e que evita falar com a mulher por ciúmes. Porém quando somos surpreendidos com a filmagem e percebemos que essa atitude de repulsa é para afastar e enganar o que ele sente por ela é de partir o coração. Sim, apesar de comédia, o filme flerta com o drama dos amores não correspondidos. A cena dos cartazes na porta da casa ao som de um coro de natal é a maior demonstração de amor que um cara pode fazer, simples, objetivo e sublime! Billy Mack é um astro em decadência, que fala palavrões e não tem papas na língua, sempre viveu gastando muito, bêbado, drogado e rodeado de mulheres, mas nunca amou e assim, ao regravar uma canção famosa e encontrar o sucesso novamente, ele vê que apesar não casar, sempre teve uma companhia ao seu lado que lhe deu força nos piores momentos: o seu empresário.

Enfim, temos o novo primeiro-ministro (Hugh Grant, hilário e com o tradicional humor britânico afiado) que se apaixona por Natalie, sua secretária no governo. Ele tenta manter o controle até que o presidente dos EUA (um Billy Bob Thorton mais cara de pau e galinha impossível) dá em cima de Nat. Então temos o discurso governamental Inglaterra contra Estados Unidos mais inacreditável da história do cinema: "O país de Shakespeare, Churchill, os Beatles, Sean Connery, Harry Potter. Pé direito de David Beckham. E o esquerdo também". Os personagens secundários dão um show à parte. Afinal, quem imaginou começar o namoro nas gravações de um filme pornô? Ou embarcou para outro país só pra conseguir uma mulher e encontrar num bar quatro gatas fogosas loucas por um inglês?

Simplesmente Amor é um filme assim, onde o amor emana a cada fotograma, nas mais variadas situações, com crianças, jovens, adultos. Uma obra que faz rir, suspirar e fatalmente amar, é impossível não se identificar com pelo menos uma daquelas histórias. Há quem reclame por ser muitos personagens, não ser mais cômica: é uma comédia romântica inglesa, nada melhor que aproveitar toda essa dose de humor ácido. O amor é um sentimento universal e está dentro do coração de cada pessoa, basta deixarmos ele desabrochar. Hoje é dia dos namorados e nada melhor que externarmos o amor! O amor à pessoa que temos ao lado, aos pais, aos amigos. Não importa quem seja, simplesmente ame, pois não há nada mais gratificante e edificante que o amor. Não há vida, se não há amor!



sexta-feira, 11 de junho de 2010

Paris: a Capital do Amor

Paris, 1899. Virada do século, a revolução boêmia fervilha as ruas do bairro de Montmarte, um paraíso de poetas, músicos, dançarinas, prostitutas, bêbados e absinto! Christian (Ewan McGregor), um jovem escritor inglês chega à capital francesa para tentar a carreira. Encontra uma trupe de boêmios malucos que inventam um plano mirabolante para que ele se torne o autor de "Espetacular, Espetacular", a peça que marcaria a revolução: a cortesã Satine (Nicole Kidman) seria a isca para conseguirem o apoio de Harold Zidler, o dono do famoso clube Moulin Rouge!, que dá nome ao musical de Baz Luhrmann. Mas, como ele já havia sido alertado por seu velho pai britânico, não consegue se controlar e cai de amores pela bela dançarina da cancã. O único problema é o Duque, um homem experiente e rico, que quer a bela para si em troca de investimento financeiro para reformar o Moulin Rouge.

Liberdade, Beleza, Verdade e Amor! Os ideais boêmios que permeiam a produção, encontram no romance proibido entre Christian e Satine o lugar perfeito para florescerem e se externarem. Ambos desejam fugir, para viver em paz sua vida e esquecer esse mundo de perdição. A beleza do casal causa inveja das outras pessoas que convivem com eles no clube, levando a intrigas. O escritor e a cortesã tentam esconder a relação para evitar problemas maiores, até que chega a um ponto onde não há como negar um amor tão forte e sincero. Por fim, o amor! Ela que por sua profissão via o amor como um sentimento surreal, um jogo onde seu único objetivo era enganar homens solitários em troca de dinheiro e jóias, encontra nele algo que não acreditava existir e essa paixão cresce conforme o filme se desenvolve, nos levando a uma história romancesca conforme o estilo dos escritores do século XIX. Além da vilania apresentada pelo Duque, Christian e Satine enfrentam um inimigo invisível que pode consumir com toda vida dos dois: a Tuberculose, uma doença mortal na época.

Baz montou um musical fabuloso que fez o gênero retornar com força e qualidade nas telas, ganhou dois Oscars (Figurino e Direção de Arte) e encantou platéias do mundo inteiro com a história de amor entre Christian e Satine numa produção colorida, exagerada e com ritmo de clipe da MTV. Na trilha sonora encontramos canções e citações a Elton John, Madonna, Nirvana, Beatles e outros. Entre os cantores que fizeram a festa no filme temos Kilye Minogue, Christina Aguillera, Pink, U2. Sem contar o talento dos atores que soltam a voz e dançam como nunca antes visto no cinema. A seqüência do "Tango de Roxanne" é uma das mais belas já feitas. Por fim, Ewan e Nicole roubam a cena, ele como um jovem sonhador e apaixonado que acredita em amor à primeira vista e ela uma prostituta que sempre vendeu seu "amor" que descobre que é capaz de amar e em troca amada ser. O amor não é moeda de comércio, ele só pode ser pago com um amor recíproco e é isso que Moulin Rouge! deixa claro desde o início. Afinal, como diz Christian na narração final, que essa não é apenas uma história sobre uma época, um lugar e pessoas, "Mas acima de tudo, uma história sobre o amor. Um amor que viverá para sempre".




quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Amor e o Tempo

O amor pode ser impossível por causa da idade, mas n'O Curioso Caso de  Benjamin Button é o tempo que anda contra Ben e Daisy. Eles têm praticamente a mesma idade cronológica, fisicamente as coisas mudam: ela é uma criança comum que cresce e envelhece naturalmente, ele é nasceu velho e vai rejuvenescendo com o passar dos anos. A história baseada no conto de F. Scott Fitzgerald foi adaptada por David Fincher e tem como casal principal Brad Pitt e Cate Blanchett, jovens ou velhos são eles que encarnam seus personagens e uma moderna combinação de maquiagem e efeitos especiais fazem eles terem de 15 a 80 anos!

A mãe de Benjamin Button morre no seu parto, o pai dele é dono de uma fábrica de botões e ao ver seu rebento, ele foge com a aberração para jogá-lo no rio, porém acaba deixando o menino que parece um idoso em miniatura na porta de um asilo. Queenie, que cuida dos velhos, encontra a estranha criança na escada e decide cuidá-lo como um filho. O tempo passa, ele cresce cercado de outros idosos como ele, mas ele ainda é um guri. Ele aprende a falar, andar e percebem que sua capacidade física ao invés de definhar, se revigora a cada dia. Daisy sempre vai visitar o lugar e faz amizade com Benjamin. Ela vira uma bela jovem e ele vai se tornando um elegante senhor. Dessa relação nasce um amor impossível: somente um pequeno período de suas vidas eles terão idades semelhantes. Quando um estará velho o outro estará jovem, mesmo assim o amor do casal é mais forte e eles iniciam o romance por volta dos 40 anos de cada.

Ben e Daisy tem uma filha, Caroline. Button decide deixá-las, pois não queria que sua mulher tivesse que cuidar de duas crianças, visto que ele se tornava cada vez mais jovem. Daisy casa-se novamente e segue a carreira como professora de balé, após sofrer um acidente e não poder dançar. Ele continua sua juventude, curtindo com a herança deixada por seu pai. Até que volta a encontrar sua amada, quando ele já parece ter 15 anos. Então, quando ele se torna uma criança - fisicamente - Daisy cuida dele. E o filme é assim, uma exaltação ao amor, mesmo com todos os obstáculos. O filme é de uma beleza plástica e narrativa invejáveis! A trama te prende desde o primeiro segundo até o fim de suas duas horas e quarenta minutos de projeção. Uma obra que vale a pena conferir e se emocionar com um amor que vai além da vida!