quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil x Coreia do Norte

Nem só de filme viverá o homem, principalmente, se for brasileiro e estar no meio de uma Copa do Mundo. Então, lá vai meu pequeno comentário sobre a estreia da seleção de Dunga no torneio na África do Sul:

Excelente jogo.... da Coreia do Norte, se seguraram como puderam na defesa e saiam em rápidos contra-ataques, apesar de não ter eficiência na finalização. O Brasil mostrou o que fez nos treinos secretos: tocaram a bola de lado, não avançavam com determinação e Kaká, o queridinho da Globo, mostrou um futebol apático e cheio de erros. Gilberto Silva, Felipe Mello, Elano (apesar do gol), e demais, sem comentários. Maycon e Robinho foram os únicos que tentaram mostrar algo a mais além do arroz-com-feijão apresentado pelo time de Dunga. As entradas de Daniel Alves e Nilmar deram novo gás, mas daí foi a defesa que ficou assistindo os norte-coreanos marcar um gol. Resultado ruim, se levarmos em consideração a diferença técnica entre as equipes e, pior ainda, pensando se a classificação depender do saldo de gols.


Que as coisas mudem contra Costa do Marfim e Portugal, ou talvez, poderemos pagar o mico de voltar pra casa ainda na primeira fase, coisa que não ocorre desde 1966, na Inglaterra.
 
 

sábado, 12 de junho de 2010

Simplesmente Amor

O amor está em todo lugar! A partir dessa premissa temos Simplesmente Amor, uma comédia romântica inglesa que entrelaça sete histórias: o menino órfão que se apaixona pela garota mais legal da escola que vai voltar aos EUA, o escritor depressivo que se envolve com a empregada portuguesa, a solteirona que vive para cuidar do irmão doente e tem vergonha de dizer a um colega de trabalho brasileiro que o ama desde o dia que ela começou a trabalhar na empresa, a mãe que descobre a traição do marido com sua secretária, o rapaz que gosta da mulher do melhor amigo, o roqueiro sessentão que descobre que o maior companheiro que teve em sua vida sempre foi seu empresário e o novo primeiro-ministro que no primeiro dia de governo se encanta pela nova funcionária. Além de outras relações de amor, não apenas entre casais, mas o amor como sentimento de maior grandez, o amor ao próximo!

"Pior que a agonia de estar apaixonado?", quando Sam diz essa frase ao seu padrasto Daniel, percebemos a inocência e pureza do coração juvenil e toda beleza e desafios do primeiro amor, ele precisa fazer de tudo para conquistá-la antes dela ir embora, nem que pra isso seja necessário aprender a tocar bateria e aparecer no show das escolas de fim de ano. A cena com Joanna cantando "All I want for christmas" e ele na bateria emociona e sensibiliza a cada olhar do garoto. Jamie e Aurélia rompem as barreiras da língua e tem um romance recheado de diálogos surreais, ele em inglês e ela em português lusitano, é impossível não rir com as situações caóticas que ambos passam, como os dois pulando no rio para salvar os papéis do livro que estava escrevendo e o vento levou.

Sarah é uma mulher indenpendente, mas que não consegue dizer "eu te amo" a seu colega de trabalho, Karl (Rodrigo Santoro, num nome nada brasileiro), além de viver sempre a postos para atender as ligações do irmão que tem problemas mentais e mora num casa de repouso. A cena da primeira transa frustrada pelos telefonemas é excelente, não tem como não broxar numa situação daquela! Emma Thompson e Alan Rickman fazem o casal das aparências, ela sempre envolvida com as questões domésticas e familiares (é irmã do viúvo Daniel e do primeiro-ministro), ela cura sua alma com as músicas de Joni Mitchell e se desespera ao descobrir que o marido a trai com a secretária nova e gostosa. O diálogo do casal ao final da peça na escola sobre amor e traição é incrivel, melancólico e mostra que o amor um dia pode acabar.

Quando vemos Mark filmando o casamento de Peter e Juliet realmente dá a impressão que ele gosta do amigo e que evita falar com a mulher por ciúmes. Porém quando somos surpreendidos com a filmagem e percebemos que essa atitude de repulsa é para afastar e enganar o que ele sente por ela é de partir o coração. Sim, apesar de comédia, o filme flerta com o drama dos amores não correspondidos. A cena dos cartazes na porta da casa ao som de um coro de natal é a maior demonstração de amor que um cara pode fazer, simples, objetivo e sublime! Billy Mack é um astro em decadência, que fala palavrões e não tem papas na língua, sempre viveu gastando muito, bêbado, drogado e rodeado de mulheres, mas nunca amou e assim, ao regravar uma canção famosa e encontrar o sucesso novamente, ele vê que apesar não casar, sempre teve uma companhia ao seu lado que lhe deu força nos piores momentos: o seu empresário.

Enfim, temos o novo primeiro-ministro (Hugh Grant, hilário e com o tradicional humor britânico afiado) que se apaixona por Natalie, sua secretária no governo. Ele tenta manter o controle até que o presidente dos EUA (um Billy Bob Thorton mais cara de pau e galinha impossível) dá em cima de Nat. Então temos o discurso governamental Inglaterra contra Estados Unidos mais inacreditável da história do cinema: "O país de Shakespeare, Churchill, os Beatles, Sean Connery, Harry Potter. Pé direito de David Beckham. E o esquerdo também". Os personagens secundários dão um show à parte. Afinal, quem imaginou começar o namoro nas gravações de um filme pornô? Ou embarcou para outro país só pra conseguir uma mulher e encontrar num bar quatro gatas fogosas loucas por um inglês?

Simplesmente Amor é um filme assim, onde o amor emana a cada fotograma, nas mais variadas situações, com crianças, jovens, adultos. Uma obra que faz rir, suspirar e fatalmente amar, é impossível não se identificar com pelo menos uma daquelas histórias. Há quem reclame por ser muitos personagens, não ser mais cômica: é uma comédia romântica inglesa, nada melhor que aproveitar toda essa dose de humor ácido. O amor é um sentimento universal e está dentro do coração de cada pessoa, basta deixarmos ele desabrochar. Hoje é dia dos namorados e nada melhor que externarmos o amor! O amor à pessoa que temos ao lado, aos pais, aos amigos. Não importa quem seja, simplesmente ame, pois não há nada mais gratificante e edificante que o amor. Não há vida, se não há amor!



sexta-feira, 11 de junho de 2010

Paris: a Capital do Amor

Paris, 1899. Virada do século, a revolução boêmia fervilha as ruas do bairro de Montmarte, um paraíso de poetas, músicos, dançarinas, prostitutas, bêbados e absinto! Christian (Ewan McGregor), um jovem escritor inglês chega à capital francesa para tentar a carreira. Encontra uma trupe de boêmios malucos que inventam um plano mirabolante para que ele se torne o autor de "Espetacular, Espetacular", a peça que marcaria a revolução: a cortesã Satine (Nicole Kidman) seria a isca para conseguirem o apoio de Harold Zidler, o dono do famoso clube Moulin Rouge!, que dá nome ao musical de Baz Luhrmann. Mas, como ele já havia sido alertado por seu velho pai britânico, não consegue se controlar e cai de amores pela bela dançarina da cancã. O único problema é o Duque, um homem experiente e rico, que quer a bela para si em troca de investimento financeiro para reformar o Moulin Rouge.

Liberdade, Beleza, Verdade e Amor! Os ideais boêmios que permeiam a produção, encontram no romance proibido entre Christian e Satine o lugar perfeito para florescerem e se externarem. Ambos desejam fugir, para viver em paz sua vida e esquecer esse mundo de perdição. A beleza do casal causa inveja das outras pessoas que convivem com eles no clube, levando a intrigas. O escritor e a cortesã tentam esconder a relação para evitar problemas maiores, até que chega a um ponto onde não há como negar um amor tão forte e sincero. Por fim, o amor! Ela que por sua profissão via o amor como um sentimento surreal, um jogo onde seu único objetivo era enganar homens solitários em troca de dinheiro e jóias, encontra nele algo que não acreditava existir e essa paixão cresce conforme o filme se desenvolve, nos levando a uma história romancesca conforme o estilo dos escritores do século XIX. Além da vilania apresentada pelo Duque, Christian e Satine enfrentam um inimigo invisível que pode consumir com toda vida dos dois: a Tuberculose, uma doença mortal na época.

Baz montou um musical fabuloso que fez o gênero retornar com força e qualidade nas telas, ganhou dois Oscars (Figurino e Direção de Arte) e encantou platéias do mundo inteiro com a história de amor entre Christian e Satine numa produção colorida, exagerada e com ritmo de clipe da MTV. Na trilha sonora encontramos canções e citações a Elton John, Madonna, Nirvana, Beatles e outros. Entre os cantores que fizeram a festa no filme temos Kilye Minogue, Christina Aguillera, Pink, U2. Sem contar o talento dos atores que soltam a voz e dançam como nunca antes visto no cinema. A seqüência do "Tango de Roxanne" é uma das mais belas já feitas. Por fim, Ewan e Nicole roubam a cena, ele como um jovem sonhador e apaixonado que acredita em amor à primeira vista e ela uma prostituta que sempre vendeu seu "amor" que descobre que é capaz de amar e em troca amada ser. O amor não é moeda de comércio, ele só pode ser pago com um amor recíproco e é isso que Moulin Rouge! deixa claro desde o início. Afinal, como diz Christian na narração final, que essa não é apenas uma história sobre uma época, um lugar e pessoas, "Mas acima de tudo, uma história sobre o amor. Um amor que viverá para sempre".




quinta-feira, 10 de junho de 2010

O Amor e o Tempo

O amor pode ser impossível por causa da idade, mas n'O Curioso Caso de  Benjamin Button é o tempo que anda contra Ben e Daisy. Eles têm praticamente a mesma idade cronológica, fisicamente as coisas mudam: ela é uma criança comum que cresce e envelhece naturalmente, ele é nasceu velho e vai rejuvenescendo com o passar dos anos. A história baseada no conto de F. Scott Fitzgerald foi adaptada por David Fincher e tem como casal principal Brad Pitt e Cate Blanchett, jovens ou velhos são eles que encarnam seus personagens e uma moderna combinação de maquiagem e efeitos especiais fazem eles terem de 15 a 80 anos!

A mãe de Benjamin Button morre no seu parto, o pai dele é dono de uma fábrica de botões e ao ver seu rebento, ele foge com a aberração para jogá-lo no rio, porém acaba deixando o menino que parece um idoso em miniatura na porta de um asilo. Queenie, que cuida dos velhos, encontra a estranha criança na escada e decide cuidá-lo como um filho. O tempo passa, ele cresce cercado de outros idosos como ele, mas ele ainda é um guri. Ele aprende a falar, andar e percebem que sua capacidade física ao invés de definhar, se revigora a cada dia. Daisy sempre vai visitar o lugar e faz amizade com Benjamin. Ela vira uma bela jovem e ele vai se tornando um elegante senhor. Dessa relação nasce um amor impossível: somente um pequeno período de suas vidas eles terão idades semelhantes. Quando um estará velho o outro estará jovem, mesmo assim o amor do casal é mais forte e eles iniciam o romance por volta dos 40 anos de cada.

Ben e Daisy tem uma filha, Caroline. Button decide deixá-las, pois não queria que sua mulher tivesse que cuidar de duas crianças, visto que ele se tornava cada vez mais jovem. Daisy casa-se novamente e segue a carreira como professora de balé, após sofrer um acidente e não poder dançar. Ele continua sua juventude, curtindo com a herança deixada por seu pai. Até que volta a encontrar sua amada, quando ele já parece ter 15 anos. Então, quando ele se torna uma criança - fisicamente - Daisy cuida dele. E o filme é assim, uma exaltação ao amor, mesmo com todos os obstáculos. O filme é de uma beleza plástica e narrativa invejáveis! A trama te prende desde o primeiro segundo até o fim de suas duas horas e quarenta minutos de projeção. Uma obra que vale a pena conferir e se emocionar com um amor que vai além da vida!


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Paixão, Luxúria e Cólera

Nunca um filme retratou tão bem a globalização quanto O Amor Nos Tempos do Cólera, baseado na obra do escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura. Dirigido pelo britânico Mike Newell, tem no elenco o espanhol Javier Bardem (vencedor do Oscar de ator coadjuvante por Onde os Fracos Não Tem Vez), a italiana Giovanna Mezzogiorno, a colombiana Catalina Sandino Moreno (indicada ao Oscar de atriz por Maria Cheia de Graça), a brasileira Fernanda Montenegro (indicada ao Oscar de atriz por Central do Brasil), o colombiano John Leguizamo (sim, o Peste nasceu na Colômbia, apesar de sua carreira nos EUA) e o americano Benjamin Bratt. Nesta salada étnica, temos um filme falado em inglês, que se passa na Colômbia no final do século XIX e conta a história do amor incondicional do funcionário dos correios Florentino Ariza pela bela e rica Fermina Daza.

Florentino (Bardem) tem sua juventude arrasada pelo seu amor por Fermina (Giovanna), que é filha de um homem rico é prometida em casamento ao médico Juvenal Urbino (Bratt), especialista no tratamento do cólera, epidemia que consumia o país naquela época. Eles tentam fugir, mas o pai dela a manda para outra cidade. Após o casamento de Fermina e Urbino, a dor, a ira, a solidão toma conta de Florentino e, mesmo assim, ele continua a nutrir seu amor e manter fidelidade ao seu voto de amor eterno. Transito (Fernanda), a mãe do jovem, não sabe o que fazer com o homem que só chora, lamenta e escreve cartas. A mãe consegue um novo emprego ao filho, num vilarejo distante. Ele não namora, nem se deixa enamorar por outra mulher, até descobrir o sexo. Entretanto, para Florentino o ato sexual é apenas para desopilar do amor que atormenta seu coração, tanto que ele anota num caderno desde a primeira, as mulheres que teve em seus braços apenas para a satisfação carnal.

Os anos passam, mas o amor de Florentino por Fermina permanece, mesmo com ela casada e mãe. Ele não se casa, não se envolve amorosamente com outra mulher. Ele espera pacientemente se passarem cinco décadas, até que a morte leva Urbino e abre caminho novamente, para ele reconquistar o coração de sua amada. O filme tem cenas belas, excelente reconstituição da época por cenários e figurinos. Mas, as atuações, em alguns casos, exageradas e caricatas, o roteiro e direção confusos com sotaques hispânicos para um inglês estranho deixam o filme com a sensação que poderia ter sido melhor. Javier e Fernanda entregam os costumeiros trabalhos competentes. Ainda assim, com alguns problemas - fica melhor para quem não leu o livro - o filme emociona e nas canções de Shakira (em espanhol e a única exigência do autor para a adaptação) a história do amor incontestável de Florentino torna-se uma "vergolha alheia" tolerável e encantadora.



terça-feira, 8 de junho de 2010

A Fonte

Como contar uma história que atravessa mil anos, civilizações e batalhas diferentes, mas que convergem para uma única realidade: não há amor sem sacrifício! Simples. Pegue um diretor competente e ousado, Darren Aronofsky; um casal de protagonistas carismáticos, Hugh Jackman e Rachel Weisz; efeitos visuais de qualidade; trilha sonora avassaladora; cenários e figurinos primorosos; um roteiro complexo e bem estruturado, pronto! Temos um dos mais belos romances de todos os tempos - Fonte da Vida. A história conta a luta de Tomas para salvar a vida da amada Isabel em três períodos diferentes, os quais decorrem em um milênio.

No século XVI, Tomas é um conquistador europeu na América, que explora florestas tropicais e enfrenta civilizações nativas em busca da Árvore da Vida, que levaria à eternidade. No século XXI ele é um médico cientista que procura a cura do câncer que está fazendo Izzy definhar pouco a pouco. Em um futuro distante, ele é um astronauta do século XXVI que viaja pelo espaço e começa a entender os segredos da vida. As histórias se fundem e o vai-e-vem no tempo, pode causar certo desconforto no espectador. Porém, a atuação sublime de Rachel e forte de Hugh emocionam a cada cena e fazem deste um filme único e inesquecível. A passagem pela atualidade, com ela doente de câncer toma maior parte do filme e é o elo entre as épocas, e aí a dupla toma conta da tela e comovem com um amor imortal, que apesar das falhas, sempre está presente entre os dois.

Não é um filme fácil, sua duração reduzida talvez deixe algumas pontas soltas e algumas cenas podem incomodar o público mais desatento. Aronofsky é acostumado a fazer obras complexas e reflexivas demais, por isso não saem tão bem nas bilheterias, apesar de ser sempre aclamado pela crítica. Fonte da Vida segue o padrão, a cada segundo é como estar à frente de uma obra prima única e instântanea que nos foge dos olhos se piscarmos. Ao final, há um gostinho de quero mais e, ainda assim, é difícil não ter empatia por esse amor tão magnífico, que atravessa o tempo e caminha equilibrando-se na tênue linha que separa a vida e a morte.




segunda-feira, 7 de junho de 2010

Triângulo Oriental

"O amor é o maior aliado e o pior inimigo". Com esse slogan O Clã das Adagas Voadoras traça um triângulo amoroso na China antiga, entre Mei, Leo e Jin. Mei é uma jovem dançarina de um bordel, mas que pertence ao clã das Adagas Voadoras, um grupo de resistência contra o governo. Leo, capitão da guarda local é um membro do grupo infiltrado e sempre nutriu amor por Mei. Jim é um guarda que na empreitada de guiá-la como aliado para descobrir o paradeiro dos inimigos, termina por se apaixonar pela dançarina-guerreira. No meio de lutas intermináveis, disputa de poder, paisagens exóticas e uma magnífica batalha num bambuzal, vemos todas as fases do amor: nascimento, crescimento e morte.

Zhang Yimou é conhecido por seus filmes de narrativa complexa, cores exuberantes, belos cenários, figurinos caprichados. Mas, em O Clã, ele mostra o amor nos tempos de guerra. Os infiltrados, as traições e a disputa por poder, lembram os filmes de espiões. Entretanto, o amor que move os dois homens pode ser sua ruína, pois perdem a razão e agem por impulso. Enquanto, a beleza de Zhang Ziyi se mostra uma das armas mais letais, porque atormenta até o coração do mais valente e fiel guerreiro. Apesar do pano de fundo histórico, é uma obra sobre como o amor pode mudar o destino das pessoas, do paraíso à perdição, simplesmente por despertar os mais diversos sentimentos: loucura, ira, compaixão, vingança, paixão, ternura. E como isso se reflete nas atitudes de cada um.


Leo esperou Mei por três anos, mas ela e Jin se apaixonam perdidamente durante três dias de convivência. Os voos exagerados, os movimentos em câmera lenta seguindo as espadas, flechas e adagas e a trilha sonora emocionante fazem da experiência de ver O Clã das Adagas Voadoras um passeio onírico pela mente de um diretor criativo e brilhante, que faz das batalhas histórias da China antiga, obras fabulosas e encantadoras. Cenários e figurinos luxuosos, fotografia deslumbrante e uma trilha sonora fascinante completam o pacote. Mas, ao final de tudo, fica o gosto de ter saboreado um romance onde o amor é o mel e o fel, num toque shakespeareano: basta saber como conduzir seu coração.
  



domingo, 6 de junho de 2010

O Amor é o Combustível

Quem nunca pensou em fazer uma loucura por amor, para  ter a pessoa que ama ao lado pra sempre? Antônio, que desde criança é chamado de "filho do tempo", resolveu arriscar a vida, viajar no tempo e trazer o mundo até Karina, sua paixão, que sonha em ser atriz e conhecer todo o planeta. O filme A Máquina de João Falcão tem no elenco reconhecíveis caras globais: Mariana Ximenes, Paulo Autran, Wagner Moura, Vladmir Brichta e Lázaro Ramos, mas é no carisma de Gustavo Falcão (o Antônio jovem) que a obra ganha força. A trama é simples: Nordestina, uma cidadezinha do interior pernambucano, Antônio ama Karina, que deseja ir embora na besta pro Rio e tentar carreira de atriz, para evitar que ela faça isso, ele resolve ir até na televisão e num programa que lembra muito João Cléber (até o visual de Wagner Moura ficou parecido), Antônio "vende" sua alma para o público - na busca da audiênca de programas sensacionalistas - ao dizer que vai viajar ao futuro e retornar, caso não aconteça ele morrerá por uma máquina de centenas de lâminas afiadas.

Autran é Antônio velho, vivendo num manicômio e conta essa história sobre o tempo e o amor para seus colegas. A ambientação da cidade de Nordestina é toda feita em estúdio, com algumas licenças poéticas. Os costumes e tradições dessas pequenas localidades são detalhadas com certo fascínio: o baile de mascarados ao som de forró pé-de-serra, a televisão em praça pública, as vans que levam os jovens para a cidade grande, a vida humilde no sertão, os sonhos e desejos de uma vida melhor. A trilha sonora é um show à parte com Chico Buarque e Robertinho do Recife.

É um filme de ficção, onde fantasia e realidade se fundem graças a um elemento crucial: o amor! É o amor de Antônio por Karina que faz ele se jogar nessa jornada, de ir ao futuro, encontrar o desconhecido e voltar inteiro, para não morrer e perder eternamente o coração de sua amada. Num lugar já tão castigado pela pobreza, pela falta de recursos, pela distância de tudo, somente o amor pode alimentar a vida dessas pessoas e fazê-las felizes no seu lar. O filme que ainda tem espaço para criticar a exposição na mídia em busca de sucesso, em sentimentos e valores efêmeros de fama, consegue mostrar toda ingenuidade do protagonista vivido por Gustavo Falcão, com um roteiro leve e coeso e diálogos - ou monólogos - memoráveis, como a narração inicial sobre a relação de Antônio e o tempo, feita por Autran.


sábado, 5 de junho de 2010

Altas Viagens

A Pixar a cada ano lança uma obra prima da animação, Up - Altas Aventuras, não foge do padrão, aliás, ela o extrapola. Apesar do público normal de desenho ser as crianças, os adultos também se divertem com esse filmes. No caso, das produções da Pixar fica difícil dizer se elas são feitas realmente para as crianças. Nada de bichinhos fofinhos, canções alegres e fábulas maravilhosas. Algumas são realistas e até certo ponto, cruéis. Afinal, quando somos apresentados ao trecho inicial de Up percebemos que não estamos diantes uma animação comum. Quando num desenho animado, vemos duas crianças fanáticas por um aventureiro crescerem, se casarem, trabalharem, construírem sua casa, planejar o futuro, desiludirem-se por não ter filhos, envelhecerem, e uma delas morrer? Ok, é um baita spoiler, mas é algo que não dá pra passar batido, é incomum e fantástico, bem realizado, emocionante e perfeito para o propósito do filme.

O sonho de Carl e Ellie, apaixonados por aventuras, ele vendedor de balões, ela bióloga num zoo (pelo menos é o que aparenta ser), é viajar para o Paraíso das Cachoeiras, na América do Sul, onde um famoso desbravador Charles Muntz busca redenção e fama atrás de uma rara ave. Então, após velho e viúvo Carl que não quer se desfazer da sua casa para morar num asilo e dar terreno para construção de um arranha-céu, decide viver sua aventura e conhecer o lugar dos seus sonhos. Ele amarra balões e leva sua casa pelos ares, rumo à Venezuela. O que ele não imagina é que está levando nessa viagem, um menino chamado Russell, um pequeno explorador da natureza que sonha em conseguir a última medalha para elevar a graduação no grupo de escoteiros. Carl é ranzinza e egoísta, mas dá uma chance ao garoto, já que não tem como se livrar dele com a casa-balão. Enquanto, Russell é um guri tímido, que o pai vive ausente.

A partir da relação dos dois nasce uma empatia sem tamanho com ambos. Até que chegam no Paraíso das Cachoeiras e nada é tão simples e fácil. Encontram a tal ave rara que Muntz buscava e sua matilha de cães que falam a partir de uma coleira ultra-moderna perseguem Russell e Carl. O mito do herói da infância é desconstruído por um vilão psicótico, maldoso e assassino - mas tudo isso fica nas entrelinhas, não há sangue jorrando na tela, já que é um filme feito também para as crianças. Porém, a força motriz do filme é o amor! Afinal, somos levados pela aventura de Carl por um único motivo: seu amor por Ellie, uma dedicação de uma vida inteira ao qual, mesmo ele sendo idoso e ela já tenha morrido, ele não medirá esforços para realizar o último sonho dela. A cada momento da aventura a presença de Ellie é sentida: nos gestos, nas expressões, nas palavras de um velho para a amada que já partiu desta vida. É o amor do velho vendedor de bexigas que faz adentrarmos com tanta emoção nessa história e torcer para que ele alcance seus objetivos. Percemos que o amor não tem idade, que existe o amor verdadeiro, aquele que se leva para toda vida e que não importa o que aconteça esse amor sempre vai existir. Quem não gostaria de encontrar um amor assim, pra toda vida?! E viver juntos a aventura de estar apaixonado para sempre!!!




sexta-feira, 4 de junho de 2010

500 Dias de Verão

O amor é um sentimento confuso: bom mas ruim, feliz porém triste, etc. Dessa dualidade, nasce talvez seu encanto, que faz milhões de corações dispararem no mundo inteiro a cada segundo. Afinal, não há amor sem sofrimento, porque no mundo real, nem tudo é um mar de rosas. Não há um relacionamento como os romances da literatura e cinema, nada é perfeito. E é a partir dessa imperfeição que se constrói um dos melhores filmes de 2009: 500 Dias com Ela, ou no seu título original, a ironia com o nome da personagem protagonista 500 Days of Summer.

Os opostos se atraem, no caso de Tom (um apaixonante Joseph Gordon-Levitt) e Summer (uma linda e odiável Zooey Deschanel), a diferença crucial entre os dois é: ele acredita no amor, ela não! A partír daí, 500 Dias já mostra que não é um filme comum e que não cai no lugar-comum das comédias românticas. O filme é cheio de idas e vindas no tempo, pontuadas por um belo desenho dos 500 dias que durou esse amor, pelo menos para Tom. A trama é simples: ele se apaixona por ela, mesmo ela não acreditando no amor, dá uma chance. Os dois vivem um namoro comum, mas não rotulam de namoro. Não se chamam de namorados, mas todos sabem que estão juntos e fazem programas de casais: sair para compras, passeio no parque, barzinho com amigos, cinema. Até que um dia, ela chega pra ele e diz que não quer mais.

Então, Tom começa a reviver todos os 500 dias desse amor para encontrar onde deu errado. O filme tem personagens secundários ótimos, como os amigos de trabalho de ambos (eles trabalham na mesma empresa de cartões, ele cria cartões apesar de ser arquiteto formado, e ela é secretária do chefe) e a irmã de Tom. Mas, são nas cenas de Joseph e Zooey se amando ou não, que está a força do filme, diálogos críveis, realistas e totalmente fatais para quem está apaixonado ou não. A fotografia é encantadora, e a partir do olhar de arquiteto dele nos deparamos com uma beleza singular de uma grande metrópole. A trilha sonora faz essa jornada amorosa se tornar mais deliciosa e agradável, como uma tarde de verão sob as árvores de um parque. A direção de Marc Webb é segura e flui com naturalidade. Enfim, um filme para todos que queiram ver uma das obras que melhor retratou o amor nas telas do cinema.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Festival de Cinema [e micos] de Maringá

Confesso que apesar de gostar de cinema, estudar em Maringá e estar sempre lá, nunca fui a uma edição do Festival de Cinema de Maringá. Agora na sétima realização do evento, fui prestigiar uma palestra de jornalismo cultural e a divulgação dos premiados. Dentre os filmes da mostra, não tinha nenhum de grande apelo. Meu favorito, era O Contador de Histórias, de Luiz Villaça, o qual tinha visto ano passado num dos cinemas maringaenses e foi premiado apenas como melhor figurino.

Sobre a palestra, o motivo para ficar contente foi que ganhei meu segundo livro do jornalista Rogério Recco, Clareiras Flamejantes, sobre a história do Norte do Paraná antes e depois do advento da energia elétrica. O debate em si, achei superficial e as únicos pontos positivos da palestra em si, foram resumidos na matéria sobre a atividade no site do evento. No mais, foi uma sessão de rasgação de seda entre palestrantes e público, o qual não acrescentou em nada. Acho que minha frustração foi devido às minhas expectativas de falar sobre o mercado de jornalismo cultural, principalmente, voltado ao cinema. Afinal, na área de impresso - minha paixão - há um momento de dúvidas. A maior revista sobre o tema no país passa por um momento de crise, com trocas de editora, de chefia, atraso nas edições. Há o surgimento de duas novas revistas que tentam ganhar espaço e se manter na ativa. Apesar do crescimento de público nos cinemas, tanto para filmes nacionais, que melhoram de qualidade e quantidade, quanto para os estrangeiros, com destaque para os filmes na tecnologia 3D. O público consumidor de notícias sobre cinema ainda é pequeno e bastante exigente, os fóruns de discussão sobre as publicações em sites de relacionamento dão uma mostra disso.

Os outros palestrantes eram os jornalistas: assessor de comunicação da Viapar, Ericsson Rezende e, diretor de jornalismo da RIC/TV, Marcelo Bulgarelli. Penso eu que, para um evento que tenta se firmar regionalmente como um importante festival de cinema, que traz um panorama da produção cinematográfica nacional, os palestrantes deveriam ser alguém que trabalhe na área específica. Até porque, a editoria de cultura em Maringá e região não é das melhores. Enfim, conversando com alguns amigos, estudantes de jornalismo que estavam presentes, também as opiniões não foram as mais favoráveis. 

Então, veio o momento das perguntas. Os dois primeiros a pegarem no microfone eram jovens maringanses que se dispuseram a participar do I Festivalzinho Tudo Em Poucos Minutos. Eles demonstraram sua indignação, pois produziram seus filmes e não tiveram uma resposta satisfatória da organização sobre porque não foram exibidos. A resposta da moça também não foi grande coisa, visto que o organizador do evento, o cineasta Pery de Canti, não se encontrava no momento. Acho que, a organização deveria ter mais respeito com seu público. Liberar uma nota no site, sobre os motivos de não exibir, depois que o festival havia se encerrado não é uma prática muito agradável e correta. Outro problema do festival: datas e atualizações. Na home, ainda pode-se abrir o link para inscrever filmes ou para ver as palestras.

Por fim, a premiação! Esperava algo com mais glamour ou, no mínimo, ordem. Simplesmente, o pessoal se levantando, um cara com microfone tentando falar que antes, haveria a exibição de um curta e uma apresentação folclórica. Pelo visto, ninguém estava lá para receber seu troféu. E o ambiente também não era dos mais oportunos: no estacionamento da Universidade Estadual de Maringá, uma tenda de lona preta, com algumas lâmpadas, tudo muito sombrio e o chão de madeira coberto com um carpete escuro - recordei das barracas do Movimento Sem Terra que visitei certa vez para fazer um trabalho da faculdade. Com tantos teatos na cidade, poderiam ter conseguido um para a realização do evento, que seria mais agradável e aconchegante para o público, palestrantes e produtores que inscreveram seus filmes na mostra. É inegável, a importância de um festival deste porte para Maringá e região, porém, deveria ser tratado com mais carinho e tentar ganhar mais atenção da população.


Mais informações: http://www.festcinemaringa.com.br/