sábado, 5 de junho de 2010

Altas Viagens

A Pixar a cada ano lança uma obra prima da animação, Up - Altas Aventuras, não foge do padrão, aliás, ela o extrapola. Apesar do público normal de desenho ser as crianças, os adultos também se divertem com esse filmes. No caso, das produções da Pixar fica difícil dizer se elas são feitas realmente para as crianças. Nada de bichinhos fofinhos, canções alegres e fábulas maravilhosas. Algumas são realistas e até certo ponto, cruéis. Afinal, quando somos apresentados ao trecho inicial de Up percebemos que não estamos diantes uma animação comum. Quando num desenho animado, vemos duas crianças fanáticas por um aventureiro crescerem, se casarem, trabalharem, construírem sua casa, planejar o futuro, desiludirem-se por não ter filhos, envelhecerem, e uma delas morrer? Ok, é um baita spoiler, mas é algo que não dá pra passar batido, é incomum e fantástico, bem realizado, emocionante e perfeito para o propósito do filme.

O sonho de Carl e Ellie, apaixonados por aventuras, ele vendedor de balões, ela bióloga num zoo (pelo menos é o que aparenta ser), é viajar para o Paraíso das Cachoeiras, na América do Sul, onde um famoso desbravador Charles Muntz busca redenção e fama atrás de uma rara ave. Então, após velho e viúvo Carl que não quer se desfazer da sua casa para morar num asilo e dar terreno para construção de um arranha-céu, decide viver sua aventura e conhecer o lugar dos seus sonhos. Ele amarra balões e leva sua casa pelos ares, rumo à Venezuela. O que ele não imagina é que está levando nessa viagem, um menino chamado Russell, um pequeno explorador da natureza que sonha em conseguir a última medalha para elevar a graduação no grupo de escoteiros. Carl é ranzinza e egoísta, mas dá uma chance ao garoto, já que não tem como se livrar dele com a casa-balão. Enquanto, Russell é um guri tímido, que o pai vive ausente.

A partir da relação dos dois nasce uma empatia sem tamanho com ambos. Até que chegam no Paraíso das Cachoeiras e nada é tão simples e fácil. Encontram a tal ave rara que Muntz buscava e sua matilha de cães que falam a partir de uma coleira ultra-moderna perseguem Russell e Carl. O mito do herói da infância é desconstruído por um vilão psicótico, maldoso e assassino - mas tudo isso fica nas entrelinhas, não há sangue jorrando na tela, já que é um filme feito também para as crianças. Porém, a força motriz do filme é o amor! Afinal, somos levados pela aventura de Carl por um único motivo: seu amor por Ellie, uma dedicação de uma vida inteira ao qual, mesmo ele sendo idoso e ela já tenha morrido, ele não medirá esforços para realizar o último sonho dela. A cada momento da aventura a presença de Ellie é sentida: nos gestos, nas expressões, nas palavras de um velho para a amada que já partiu desta vida. É o amor do velho vendedor de bexigas que faz adentrarmos com tanta emoção nessa história e torcer para que ele alcance seus objetivos. Percemos que o amor não tem idade, que existe o amor verdadeiro, aquele que se leva para toda vida e que não importa o que aconteça esse amor sempre vai existir. Quem não gostaria de encontrar um amor assim, pra toda vida?! E viver juntos a aventura de estar apaixonado para sempre!!!




3 comentários:

  1. Eu Já encontrei o meu amor assim, pra vida toda! Agora passo a bola prara que outro possa encontrar o seu!

    Ótimo texto! maravilhoso! Serio mesmo Fernando, você deveria trabalhar com critica de filmes! Tu escreve super bem!Parábens! Continue assim!

    Abraços!

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  2. Fernando, filmes de animação tem sido os meus preferidos há muito tempo. O público alvo já deixou de ser, preferencialmente, o infantil e com enredos trazendo uma história consistente,
    tratando de assuntos como a difícil arte de amar e suas consequências, tem lotado as salas de cinema com adultos sedentos por uma boa história de vida, de amor e superação!
    Parabéns pelo olhar crítico e minucioso com que vistes o filme.

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  3. Mais uma excelente crônica acerca de cinema, que não poderia vir de melhor escritor, senão deste Cinéfilo inveterado.

    Parabéns pelo excelente texto. Grande trabalho.

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