quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Família Pôr do Sol

O Grupo Parafolclórico Pôr do Sol mais uma vez brilhou no Festival Internacional de Folclore de Nova Petrópolis (RS). Esses quintassolenses mostraram os encantos da cultura paranaense e acrescentaram um pouco da cara do Brasil. Viajar com esse pessoal é como reunir uma grande família, bem diversificada: jovens, idosos, brancos, negros, cristãos, ateus e os à toa! Há os momentos de alegria, de choro, de raiva, de correria, mas ao final, quando você vê o trabalho refletido nos aplausos ao final de cada apresentação é gratificante.

Pela segunda vez, os acompanho nessa saga pelo extremo sul do Brasil. A Serra Gaúcha é um lugar lindo, mágico e frio! A organização do evento se mostrou ainda mais competente que ano passado e montou uma estrutura à altura dos grupos do Brasil e do mundo que subiram ao palco. Entre o pessoal que estava por trás do festival, alguém muito especial: Beatriz Bervean, ou apenas, Bia, nossa guia. Ela nos aguentou praticamente 24 horas por dia, desde o café até a hora de dormir. Uma moça linda, simpática e sempre pronta a nos ajudar. Obrigado pela dedicação e apoio. Além de outras pessoas que estiveram conosco, como a Cândida, a apresentadora, que na despedida, não se conteve e vimos lágrimas sinceras, que demonstraram o carinho que esse povo acolhedor de Nova Petrópolis tem pelo Grupo Pôr do Sol.

Entre o público que deixou saudade há um amigo desde 2009, Jonathan, um alemão carismático que também virou guia na procura por um jantar na primeira noite em terras gaúchas. E nos acompanhou durante as apresentações. Além de um casal, Antonio e Eliane, que vinham de outra cidade para nos ver e estreitar nossos laços de amizade. O folclore, a dança, a música tem esse dom de aproximar as pessoas e resgatar suas raízes e seus sentimentos mais primitivos, como a amizade, o companheirismo, a admiração.

Dos grupos participantes, um grupo paulista estreitou os laços conosco. Pessoal do Frutos da Terra, da cidade de Olímpia. Galera nova, grupo dando grandes passos desde cedo, assim como nós. Identificação de ideias e sonhos. Pessoal humilde, comunicativo e, acima de tudo, grandes artistas e amigos. Até o guia deles nos importunava! Hehehehehehe. Não tem como citar um a um, mas que todos sintam-se parabenizados pelo trabalho e abraçados por mais esse ciclo de amizade que se criou!

E a família Pôr do Sol? Essa foi minha segunda viagem longa com o grupo, já havia acompanhado outras apresentações em locais próximos e com isso meu contato e carinho com essas pessoas já é marcante. Desde os mais velhos, nossos músicos, senhores da comunidade, com família constituída - avôs - que emprestam sua experiência e talento pelo grupo. Como não se lembrar desses homens, já cansados da labuta da vida, reclamando do frio exagerado que fizera na serra gaúcha quando estivemos por lá.

Ainda na banda, alguns músicos e cantores jovens, sangue novo, empolgação, vibração. Entre notas e acordes, uma emoção atrás da outra, até cantando ao vivo numa rádio de Nova Petrópolis. Afinal, quem não ficou com um nó na garganta quando na última apresentação, os últimos versos saíram trôpegos, soluçantes, baixos, como a voz do coração. E esse povo que ficava no fundo, veio até à frente e abraçados aos dançarinos, disseram adeus ao Rio Grande do Sul, voando nas asas de um rouxinol que partiu para pousar em Quinta do Sol.

Bater tamanco, pular no maneiro pau, trançar as fitas, rolar o carimbó, colher o café, fazer o fubá e ainda fugir do boi-de-mamão. Vida de dançarino é agitada. Entre passos, marcações, maquiagem, troca de figurinos, a dança é a poesia da alma, transformando em gestos o que a melodia quer dizer. E o corpo de dança do Grupo Parafolclórico Pôr do Sol deu um show no palco da rua coberta. Foram nove apresentações, uma de improviso porque o grupo argentino que abriria o evento não havia chegado, onde apanharam um pouco de cada espetáculo que fariam no decorrer de sua participação. Depois desse teste de fogo, abrir o festival sem ensaio, escolhendo o repertório nos camarins prestes a subir no palco, cada dia foi um show diferente. Desde o tradicional fandango paranaense, danças que representam o cotidiano do estado e o teatro do boi-de-mamão [sim, o Paraná tem boi!] até uma viagem pelo Brasil com ritmos e cultura de outros estados, como o Pará, Ceará e Mato Grosso.

Os motoristas também se tornaram membros dessa família. Amarildo já conhecido de outras viagens e seu novo companheiro de trabalho, o Vivaldo. Eles que nos levaram até o sul e depois nos transportava da pousada à rua coberta onde aconteciam as apresentações. E também, uma outra pessoa que foi com o grupo, a enfermeira Dercília, que ajudou muito, afinal, quem não teve um estrepe no pé? Hehehehe.

E os responsáveis principais por essa família? Lucinei e Ivone! Que além de cuidar dos filhos Nicolle e Nicollas, também cuidava de cada um, desde o mais jovem ao mais velho do grupo, como se fosse um filho. Uma devoção, atenção de quem ama, cuida e quer sempre o melhor para todos. Acordando pessoal, verificando se não faltou nada, fazendo remendos, consertos, puxões de orelha. Tudo pelo bem de todos e para, no palco, fazer o melhor possível. O Lucinei foi um guerreiro, que novamente passou o aniversário com essa família. Mesmo com todos problemas, enfrentou o frio, a viagem, o trabalho, as dores, os curativos e esteve lá, firme, forte, presente. Às vezes, esquecendo de cuidar de si mesmo, para se doar de corpo e alma por esse grupo. Acho que isso, ele aprendeu com dona Luiza, que mesmo longe, tinha seu trabalho exposto aos olhos de todos, com suas cores, rendas, bordados, em todos os figurinos e adereços.

Então, entedemos, de onde vem toda a força do Pôr do Sol: da paixão que cada um, em maior ou menor intensidade, dedica ao grupo. Do valor de levar a cultura de um povo [e de vários povos], representar uma pequena cidade do interior. Enfrentar desafios, ultrapassar obstáculos. E mesmo quando a queda machuca, tem forças para se levantar e mostrar que é paranaense, pé vermelho, filhos deste chão. Uma família como outra qualquer. E, se o folclore é seu sangue, Pôr do Sol é seu sobrenome. E agradeço por me sentir cada vez mais parte desta família.
 
Parabéns a todos! O espetáculo foi perfeito. E o convite para 2011, garantido. O reconhecimento de todo trabalho e superação!