terça-feira, 23 de março de 2010

Um livro fabulístico

No Oscar, entre os concorrentes a animação tivemos o longa Coraline e o Mundo Secreto, confesso que ainda não vi, mas o visual do filme impressiona pelas imagens divulgadas em fotos e trailers. Entretanto, minha viagem por esse mundo se deu de forma mais abstrata e onírica: pelo livro Coraline, de Neil Gaiman, no qual se baseia a película. Um livro infanto-juvenil, 155 páginas, ilustrações em preto-e-branco realizadas pelo desenhista Dave McKean, parceiro de Gaiman em outras obras.

Gaiman é conhecido por seu apuro narrativo em contos épicos de fantasia, onde ele esparrama pelo papel toda sua imaginação, criatividade e aptidão literária. Em Coraline não é diferente. A história de uma menina curiosa que se muda com os pais para um novo apartamento, num prédio habitados por figuras exóticas.
Como as senhoras Forcible e Spink, duas ex-atrizes de teatro que vivem rodeadas por cachorros e animadas pela nostalgia dos tempos de fama. Ou o Senhor Bobo, um velho estranho que se diz dono de uma banda de ratos. O prédio guarda segredos, como uma porta no apartamento de Coraline que dá para uma parede de tijolos, construída para separar do vizinho, pois antes era tudo um só.

Em certa altura, o conto de aventura torna-se um suspense com pitadas de fantasia e horror. Coraline abre novamente a porta e a parede de tijolos não está lá, no lugar tem um corredor longo e escuro que a menina decide investigar. Ao chegar no fim do túnel ela volta ao apartamento, entretanto não é a sua residência. É uma cópia feita por sua outra mãe e seu outro pai, que tinham botões no lugar dos olhos. Nesse novo mundo, Coraline era amada por sua outra mãe, que não queria perder a menina e gostaria de lhe costurar botões para os olhos também. Apesar da mordomia, a garota rejeita a proposta e volta para seu verdadeiro lar. Entretanto, algo está errado. Seus pais desepareceram e ela descobre que, a outra mãe raptou seus pais legítimos.

Coraline corajosa, volta ao mundo da outra mãe para encontrar seus pais e participa de um jogo sinistro, onde sua derrota lhe custaria a vida e a de sua família. Além de outras crianças que ela encontra perdidas nesse mundo estranho. Coraline luta contra o tempo e as más intenções da nefasta outra mãe para encontrar a alma das três crianças e de seus pais, para resgatá-los. Enfim, é um livro que usa da fantasia e do terror para falar de medo, superação, da relação pais e filhos e de como a infância deve ser vivida com imaginação e espaço para brincadeiras que interagem com o mundo ao redor das crianças, não apenas jogos eletrônicos e computadores. É um período de conhecimento da realidade, de exploração e experimentação da vida. E Coralina é uma heroína mirim que usa de sua coragem e curiosidade para vencer todos os obstáculos. Espero que o filme esteja à altura da viagem literária que Gaiman nos proporciona em suas páginas. Crianças, jovens e adultos podem se divertir com a bela história de Coraline, basta imaginar.

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