
A abertura acontece numa ilha paradisíaca da Indonésia, onde a famosa repórter francesa Marie LeLay e o namorado passam férias. A tsunami chega devastando tudo e Marie quase morre, é levada pelas águas, tem a cabeça atingida e desmaia. Entra no mundo espiritual, onde vê outras pessoas que já se foram. Mas, é resgatada e volta à vida. Devido a sua experiência de quase morte, a repórter francesa se torna obsessiva sobre o assunto, colocando em risco sua credibilidade, carreira e vida pessoal para escrever um livro sobre o tema.
Há também a história do médium americano George Lonegan (Damon, em forte tentativa de dar credibilidade ao papel), que tem o dom - que ele enfrenta como uma maldição - de se conversar com as pessoas que já morreram. Chegou a ter um site e era muito famoso, mas decide ficar recluso e não fazer mais "comunicações". O irmão Billy acha que pode explorar financeiramente as aptidões paranormais de George e fazer fama e fortuna. Enquanto, o atormentado médium prefere se voltar para atividades comuns do dia-a-dia, como aprender a cozinhar, para esquecer do próprio dom e acaba encontrando uma bela moça, mas que graças a sua mediunidade, eles se afastam.
A última parte que compõe o recorte se passa na Inglaterra onde os gêmeos Marcus e Jason, filhos inteligentes de uma mãe drogada que corre o risco de perder a guarda das crianças, os meninos fazem de tudo para ajudar a mãe a esconder os problemas da assistência social. Porém, um acidente tira a vida de Jason e Marcus tem que conviver com a perda do irmão que sempre teve ao lado e o ajudou. O garoto empreende uma jornada para conseguir se comunicar com o irmão, após viver numa família adotiva, pois sua mãe é internada para reabilitação.
Então, Eastwood dá um jeito dos caminhos dos três personagens - Marie, George e Marcus - se encontrarem. Tudo converge para uma fria Londres, numa feira de livros. Marcus é o responsável pelas melhores cenas do filme, há um tom de inocência e fé em sua jornada ao qual o menino coloca todas suas forças e sentimentos para conseguir alcançar os objetivos e sentir novamente a presença do falecido irmão Jason ao seu lado. O problema de Eastwood é que o filme é lento, com uma hora de filme parece que não foi tomado um rumo. Há diferença qualitativa nas histórias, tanto que parecem roteiros e direções diferentes para cada trecho. A falta de unidade destrói o filme. O tema de "vida após a morte" é até bem explorado, mas sem um ponto de apoio para conduzir a película, Eastwood entrega um filme menor, que mais parece uma edição do "Fala que eu te escuto".
Como sempre, um ótimo texto do Fernando! Parabens!
ResponderExcluirUm trabalho belo que mostra essência intimista humana, é uma pena como a recepção tem sido morna mesmo..aliás, bem fria. Eu penso que o filme tem sido incompreendido, na verdade a narrativa demasiada lenta tem prejudicado, na minha opinião. Pois, Clint não tem pressa de desenvolver seus personagens de maneira direta, os sentires e também a emoção é gradual, surge aos poucos.
ResponderExcluirO filme não tem o intuito de mostrar o “além”, na verdade o elemento espiritual vem mais como um fator de convicção que o personagem de Damon e de Cécile De France sentem — eles sabem que existe algo além do plano carnal, sabem que após a morte existe algo que vai além do terrestre. E é interessante como nos identificamos com eles, afinal, apesar de tantas crenças e ideologias, o ser humano ainda envolve-se no próprio mistério de Vida. O que é a existência? Há tantas perguntas sem respostas, né mesmo? E gosto também de como o roteiro lida com o sofrimento, a dor e a emoção da perda de entes queridos. Os personagens enfrentam as perdas, a passagem, a morte…algo tão difícil de lidar.
É um filme cuidadoso, muito bom mesmo.
Pena que você não gostou muito.
Beijo!
Excelente texto prarabens!
ResponderExcluirObrigado, Luigi, Cristiano e Birasblog!!!
ResponderExcluirE continuem visitando!!!
Abraço