sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Entre Fábulas e Videogames

Para agitar as férias de fim/início de ano, a Disney fez suas apostas com dois filmes em 3D para conquistar desde os mais pirralhos até os adultos mais nostálgicos, a fim de angariar uns milhões nas bilheterias e acrescentar mais uns Oscars no currículo. Entretanto, os resultados não saíram como o esperado: pouca renda para muito gasto e uma miséria de indicações. Assim, Enrolados (adaptação da fábula infantil Rapunzel) e Tron: O Legado (continuação da aventura de ficção que virou cult nos anos 1980), apesar de serem entretenimento de primeira, ficaram aquém das perspectivas da famosa fábrica de sonhos.

Enrolados utiliza-se de aventura e comédia para contar de forma divertida a história de Rapunzel, a jovem princesa sequestrada do reino e mantida prisioneira no alto de uma torre. A obra original que poderia render um clássico da animação, como ocorreram com Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela e A Bela e a Fera, deixou o desenho tradicional de lado, ganhou contornos em computação gráfica e esbanjou do vigor e vitalidade intercalando momentos de adrenalina com sequências musicais boas, bonitas e funcionais dentro da história (o que é muito importante, afinal não basta encaixar uma canção só pra ficar engraçadinha). Tanto que a bela cena das lanternas, onde Rapunzel e Flynn Rider estão num barco teve sua música "I See the Light" indicada ao Oscar de melhor canção. 

Enrolados não conseguiu uma das três vagas para o prêmio de melhor animação e deve ver o primo de distribuidora Toy Story 3 levar mais uma estatueta para a parceria Pixar-Disney. O filme arrecadou quase US$ 500 milhões em todo mundo, mas é pouco comparado com o investimento estimado em US$ 260 milhões, porque o filme foi totalmente refeito pois os produtores não gostaram da qualidade da animação em estilo tradicional e optaram por usar recursos de computação gráfica de alta definição. Os longos cabelos de Rapunzel são extretamente lindos e parecem naturais.

Tron: O Legado (prefiro a sonoridade do título em inglês, Tron Legacy) continua a trama da família Flynn após o cultuado filme de 1982, Tron. E como o título indica, agora o jovem Sam Flynn é quem vai embarcar numa aventura dentro do videogame desenvolvido por seu pai, Kevin Flynn. No antigo escritório de seu pai, Sam é levado para dentro de Tron, um jogo de videogame criado por Kevin. Então, o jovem se torna alvo de uma corrida para salvar a vida, num jogo de lutas contra programas de computador. Clu é o comandante do lugar e é uma cópia de Kevin, que saiu do controle e se tornou um tirano. Sam encontra seu verdadeiro pai e ao lado de Quorra, ele vão em busca de uma saída do local e tentar acabar com os planos de Clu de unir os mundos real e virtual.

Sob a trilha de Daft Punk temos lutas computadorizadas e corridas mortais sobre motos futuristas que deixam um caminho de luz. Os efeitos visuais são espetaculares e compõe todo cenário obscuro do mundo virtual, onde predomina o negro e esparsas luzes brancas iluminam o cenário. A fotografia do mundo virtual potencializa os efeitos nas cenas de corridas nas motos de luz por onde passam e dos figurinos negros com traços fluorescentes ou totalmente brancos em contraste com o cenário - tais cenas em IMAX 3D são sensacionais. Quando divulgaram os sete semifinalistas ao Oscar de efeitos visuais era provável que o longa teria uma vaga, porém, quando anunciaram os cinco indicados, Tron Legacy ficou de fora ao lado de Scott Pilgrim. A única indicação aconteceu na categoria de edição de som, onde o filme abusa de efeitos eletrônicos e de motores, devido às motos e naves do mundo virtual. Nas bilheterias até agora arrecadou pouco mais de US$ 370 milhões, enquanto, estima-se que custou US$ 170 milhões, ou seja, mais que o dobro, mas não o suficiente para alegrar os produtores.


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