segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Viagem de Estrelas

Linda, olhos verdes, corpo escultural, boca carnuda, um Oscar no currículo, seis filhos, casada com um dos homens mais lindos de Hollywood, embaixadora da ONU e eleita a mulher mais sexy do mundo várias vezes. Charmoso, malandro, uma face de camaleão, algumas indicações ao Oscar, personagens emblemáticos, cara de família, parceiro de Tim Burton e eleito o homem mais sexy do mundo algumas vezes. Descritos assim, fica fácil saber que falo de Angelina Jolie e Johnny Depp, dois dos maiores astros do cinema atual, com milhões de fãs mundo afora. Então, o que esperar de um filme de ação e comédia com Jolie e Depp fazendo par romântico com cenas em Paris e Veneza? O Turista tem todos esses elementos! Nas mãos de um diretor experiente no assunto, seria um filmaço! Nas mãos do alemão Florian Henckel von Donnersmarck (que dirigiu em longa somente o oscarizado A Vida dos Outros), é um filme qualquer.

Elise é uma bela mulher que está sendo vigiada pelo Serviço Secreto Britânico, suspeita de envolvimento com um bandido chamado Alexander Pearce, que deu um golpe num banqueiro. O amante dá as coordenadas para que a bela mulher embarque num trem de Paris para Veneza e escolha um homem qualquer para que possam acreditar que seja ele, visto que quase ninguém conhece seu rosto. Eis, que ela encontra na viagem o tímido e reservado americano professor de matemática Frank Tupelo, que está na Europa para esquecer uma desilusão amorosa. Claro, ninguém em sã consciência recusaria um convite de jantar vindo de uma deliciosa femme fatale tão envolvente.

No rastro do casal estão uma trupe de inspetores britânicos, com todo seu charme habitual e classe até mesmo nas investidas mais pesadas contra os bandidos. Destaque para Paul Bettany como o inspetor John Acheson e um incontrolável ciúme pela bela procurada. A ação - ou o que podemos considerar como ação - principal acontece em Veneza com perseguições de barcos pelos canais da cidade italiana e até mesmo pelos telhados dos prédios históricos. Depp se vê envolvido numa trama de traição e sedução e nem sequer sabe porque está sendo perseguido pela polícia e por capangas do banqueiro que fora roubado pelo misterioso Alexander Pearce, totalmente deslocado num mundo que não é dele e rende alguns momentos cômicos.

A cenografia aproveita-se das belas paisagens europeias na viagem de trem e do clima romântico de Veneza. O figurino, principalmente, de Jolie é puro glamour e sensualidade realçando o belo corpo da atriz, os britânicos sóbrios e elegantes. Depp arrumadinho é algo raro e ainda assim, fica garboso e hilário. A trilha sonora cumpre bem seu papel. Entretanto, o roteiro cheio de reviravoltas e tentativas cômicas acaba derrapando feio durante a projeção, entregando momentos desnecessários e comprometendo o desenvolvimento da história. E a direção de Florian Henckel von Donnersmarck é preguiçosa (que também é um dos roteiristas do filme), parece que não é a praia dele esse negócio de ação, comédia e estrelas de Hollywood. Falha em todas as tentativas de melhorar o andamento do filme.

A experiência não é de toda ruim. Há alguns momentos engraçados e algumas reviravoltas bem interessantes.  Angelina Jolie em mais um papel de espiã, segura as pontas com beleza e naturalidade. Johnny Depp parece estranhar a situação, fica perdido em umas cenas, parece atuando no automático. Para o público comum é um passatempo ligeiro e divertido. Mas, esperamos um novo encontro entre os dois maiores astros do cinema atual e que seja melhor, quem sabe nas mãos de um diretor mais gabaritado. E ainda assim, O Turista obteve três indicações ao Globo de Ouro 2011 (melhor filme comédia/musical, melhor ator comédia/musical para Johnny e melhor atriz comédia/musical para Angelina) para percebermos como a safra cômica de 2010 foi fraca.




Um comentário:

  1. Excelente o texto do Fernando.

    Quem assistiu o filme e agora acompanha essa bela crônica, percebe todos os detalhes e nuances abordados.

    Um filme que pretendia ser um sucesso, mas que se perde em detalhes bobos. Não comprometendo a atuação dos dois grandes protagonistas, mas ficando sempre aquela sensação de algo a mais.

    Parabéns ao Fernando pela excelente análise.

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