sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Os Indomáveis

Refilmar um clássico é como mexer com um vespeiro, o risco de ser atacado sem piedade é alto. Quando os irmãos Coen anunciaram que rodariam sua versão para Bravura Indômita, sabiam dos problemas que poderiam enfrentar. Ethan e Joel vencedores do Oscar por Onde os Fracos Não Têm Vez, possuem um currículo diversificado, mas conseguir manter a aura e dignidade do material original deste clássico do western era um desafio que eles decidiram encarar, sem medo de ser feliz com coragem e determinação.

Para quem não conhece ou não viu ou viu e não sabe de outros detalhes, o Bravura Indômita original de 1969, dirigido por Henry Hathaway teve duas indicações ao Oscar, vencendo na categoria de melhor ator com John Wayne. Além do astro, outros nomes de peso faziam parte do filme: Robert Duvall, Dennis Hopper, Glen Campbell e a jovem Kim Darby, no papel de Mattie Ross. Wayne também venceu o Globo de Ouro pelo filme.

Voltando a atualidade. Para manter o nível do elenco para a refilmagem, os Coen escalaram um trio de peso para os papéis masculinos principais: Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin. Entretanto, apesar da indicação ao Oscar de  melhor ator para Jeff Bridges (vencedor ano passado por Coração Louco), que revive o papel de John Wayne, é a novata Hailee Steinfeld, de apenas 14 anos, quem rouba a cena como Mattie Ross, uma menina que vai em busca do assassino do pai.

A história adaptada do livro de Charles Portis (assim como o filme de 1969) mostra a pequena Mattie como uma garota determinada e corajosa, que entra no mundo dos adultos para negociar a captura do homem que matou seu pai. E ela embarca na viagem ao lado de um velho xerife para procurar o matador, que está com outros bandidos em território indígena. Haille entendeu a situação, deu o recado e em tela não se mostra intimidada ao encarar grandes nomes do cinema atual, garantindo a vaga no Oscar de melhor atriz coadjuvante. E Bridges com sua competência e carisma costumeiro dá vida a Rooster Cogburn, um federal em fim de carreira, maltrapilho e alcoólatra. Entre os papéis secundários, destaque para o texano personagem de Matt  Damon. La Beouf está na cola do bandido e não vai perder a chance de conseguir a recompensa por Tom Chaney (Josh Brolin).

O couro e tons negros tomam conta do figurino do Oeste americano, enquanto a paisagem oscila entre o escuro das noites de inverno iluminados por fogueiras com o marrom e laranja do sol ao meio-dia comendo poeira. Estamos de volta aos tempos do faroeste e, os Coen não deixam que um quadro sequer da película não transmita esse sentimento. Da trilha sonora encantadora, aos cenários perfeitos e excelente utilização de descampados para emboscadas a cavalo, tudo é um convite para entrar na alma do filme e se levar pela motivação principal: capturar o assassino do pai de Mattie.

Enfim, uma obra acima de qualquer suspeita, que não deve em nada ao original e, ainda ajuda a revelar para o século XXI, o fantástico mundo dos westerns. Resultado: mais de US$ 165 milhões por enquanto (o filme custou US$ 38 milhões) somente nos EUA e 10 indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor ator para Bridges, melhor atriz coadjuvante para Steinfeld, melhor roteiro adaptado, melhor edição de som, melhor mixagem de som, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor fotografia. Um filme sobre como as situações nos fazem crescer e mostrar isso ao outros, encarando o que vier pela frente. Espetacular!



4 comentários:

  1. Tô te dizendo... Hailee Steifeld vai ganhar esse Oscar. Soube dos cartazes de auto-promoção da Melissa Leo?

    Tá pau a pau nos meus favoritos do ano: Cisne Neg... er, quer dizer Galinha Preta e Bravura Indômita!

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  2. Eh Angelo, a Melissa deu um tiro no pé na semana crucial, isso pode ser definitivo pra premiação. E realmente, a Haille está muito bem.

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  3. Interessante esse filme, eu confesso que deixei pra ver no telão – mas, não esperava que fosse gostar tanto. Sim, gostei bastante!

    Na verdade, grande parte, ao meu ver, do fascínio que esse filme exala é por conta da inspirada atuação de Hailee Steinfeld. Um absurdo a Academia indicá-la como coadjuvante, visto que seu personagem tem função de Atriz principal, sabemos disso. Mas, enfim, ela que merece o Oscar, e não Melissa Leo. Mas, duvido que seja vencedora…de qualquer forma, vai ser mais indicada, tem tudo pra crescer. A menina nos hipnotiza em cena.

    De fato, eu já havia dito isso até no meu twitter, Jeff Bridges está soberbo e muito melhor que Colin Firth por “O Discurso do Rei” (ok, não desmereço nenhum dos concorrentes, pois a categoria está forte esse ano), mas sejamos sincero: seu papel aqui é mais denso e complexo que o do “Coração Louco”, hein? Mas, não será premiado não. Ainda assim, é uma personificação marcante! E concordo com muitos, ele está melhor que John Wayne da primeira versão. Na realidade, eu nem gosto do filme original. E nem vejo esse como um remake, mas é.

    Josh Brolin, mesmo que em tão pouco tempo em cena, consegue mostrar que é um ator mais maduro. Gostei de Damon também, mas o filme é de Hailee e Brigdes!

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  4. Firth vai receber o prêmio pelo ano passado, assim como Bridges já recebeu o oscar da atuação desse ano.... o Academia é disso mesmo!

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